Pintura rara de Sally Hemings - Wikimedia Commons
Durante mais de um século, historiadores negavam que os descendentes da
escravizada eram frutos de uma relação abusiva com seu dono
Sally, apelido de Sarah Hemings, foi uma escrava que realizava trabalhos forçados na fazenda do ex-presidente dos EUA, Thomas Jefferson,
com quem teve seis filhos e uma espécie de romance após a morte da
primeira-dama Martha Jefferson, em 1782. A vítima era parte da "herança"
deixada pela mulher do politico, chegando à Mansão Monticello quando
criança.
Sally era a filha mais velha de um relacionamento forçado
entre o agricultor John Wayles e a sua escrava Betty Hemings. Tendo
parte do sangue europeu, ela era meia-irmã da esposa de Jefferson. Por
conta dessa relação, ela foi escolhida para acompanhar Mary, filha mais
nova de Thomas, em uma viagem para Londres e, depois, para Paris, onde o
ex-presidente trabalhava como Ministro dos EUA.
Sally
passou dois anos na França, mas nunca deixou o status de escravizada.
Dizendo ter uma relação amorosa com a mulher, Jefferson nunca a concedeu
a alforria. Do bizarro relacionamento entre essas partes, nasceu a
controvérsia Jefferson-Hemings, conhecida nos EUA. Discute-se ainda hoje
a procedência dos seis últimos filhos do presidente, que se falava
serem filhos legítimos dele com a escrava.
Thomas Jefferson / Crédito: Wikimedia Commons
Com minuciosas análises documentais, traçou-se a hipótese de que
todos era seus filhos e, em 1998, foi possível realizar-se um estudo do DNA
da linhagem masculina de Jefferson, que demonstrou correspondência dos
genomas dele com os descendentes de Eston, último filho de Sally. A
partir de então, ficou comprovada a paternidade do ex-presidente.
Os
filhos de Hemings mantiveram-se escravizados pela família Jefferson, e
treinados para serem artesãos. Apenas quando a mãe já era idosa, e
quando os quatro filhos que sobreviveram já eram adultos, eles foram
alforriados. Beverly, Harriet, Madison e Eston passaram a viver livres
nos EUA, sendo que três deles conseguiram acessar escolas para brancos,
devido sua ascendência.
Com a saída das crianças da casa de Jefferson, Sally também foi
libertada, passando a viver junto a seus filhos Madison e Eston em
Charlottesville, na Virgínia,
chegando a presenciar o nascimento de um neto. Hoje em dia, a
controvérsia que envolve seu nome foi praticamente resolvida, e coloca
Sally como um famoso símbolo das relações abusivas entre senhores e
escravos nas fazendas dos EUA.
André Nogueira
Aventuras na História
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