Fui talvez uns dos primeiros a escrever sobre semelhanças entre o atual
presidente e Jânio. Era sua primeira ou segunda semana de governo. Agora
com cinco meses no poder, as semelhanças só fizeram aumentar.
Resumidamente para quem não viveu aqueles dias, o Jânio, eleito por
larga maioria, com discurso moralizador e populista, começou a enfrentar
forte oposição no congresso. Qualquer semelhança com os dias atuais não
é mera coincidência. Naquele tempo a corrupção entre os deputados e
senadores era igual às dos dias presentes, o que agrava hoje é o
componente ideológico. Um presidente eleito pela maioria, e nele
depositando muitas expectativas e esperanças, não garante um apoio
irrestrito dos congressistas. Pelo contrário, cria inveja e ciúme. Vira
alvo de todas as forças opostas. No caso do Jânio, chamou-as de
"ocultas". No desespero da imobilidade, e certo de que o povo o
reconduziria ao poder, renunciou. As ruas, pegas de surpresa, silenciaram.
Ele continuou bebendo e lamentando o erro de calculo. Ao Bolsonaro não
me espantaria atos semelhantes, sóbrio, e certo de que sua atitude seria
para o bem do Brasil, e cumprindo uma missão divina. No caso do Jânio o
exército estava longe dos holofotes. E longe, na China, estava seu vice
João Goulart. Mais uma vez as semelhanças se cruzam. O vice do
Bolsonaro esta na China. A diferença é que os militares desta vez estão
em grande, e seletivo grupo, dentro do palácio. Quem viver verá.
Eduardo P. Lunardelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário