Três da tarde ainda, ficava ansiosa. Andava para lá, entrava na cozinha, preparava
nescafé. Ligava televisão, desligava, abria o livro. Regava a planta já regada, girava
a agenda telefônica, à procura de amiga a quem chamar. Apanhava o litro de martíni,
desistia, é estranho beber sozinha às três e meia da tarde. Podem achar que você é
alcoólatra. Abria gavetas, arrumava calcinhas e sutiãs arrumados. Fiscalizava as meias
do marido, nenhuma precisando remendo. Jamais havia meias em mau estado, ela se esquecia
que ele é neurótico por meias, ao menor sinal de esgarçamento, joga fora. Nem dá aos
empregados do prédio, atira no lixo.
Quatro horas, vontade de descer, perguntar se o carteiro chegou, às vezes vem mais cedo.
Por que há de vir? Melhor esperar, pode despertar desconfiança. Porteiros sempre se
metem na vida dos outros, qualquer situação que não pareça normal, ficam de orelha em
pé. Então, ele passará a atenção no que o carteiro está trazendo de especial para a
mulher do 91 perguntar tanto, com uma cara lambida. Ah, aquela não me engana! Desistiu.
Quanto tempo falta para ele chegar? Ela não gostava de coisas fora do normal, instituiu
sua vida dentro de um esquema nunca desobedecido, pautara o cotidiano dentro da rotina sem
sobressaltos. Senão, seria muito difícil viver. Cada vez que o trem saía da linha, era
um sofrimento, ela mergulhava na depressão. Inconsolável, nem pulseiras e brincos,
presentes que o marido trazia, atenuavam.
Na fossa, rondava como fera enjaulada, querendo se atirar do nono andar. Que desgraça se
armaria. O que não diriam a respeito de sua vida. Iam comentar que foi por um amante.
Pelo marido infiel. Encontrariam ligações com alguma mulher, o que provocava nela o
maior horror. Não disseram que a desquitada do 56 descia para se encontrar com o
manobrista, nos carros da garagem? Apenas por isso não se estatelava alegremente lá
embaixo, acabando com tudo.
Quase cinco. E se o carteiro atrasar? Meu deus, faltam dez minutos. Quem sabe ela possa
descer, dar uma olhadela na vitrine da butique da esquina, voltar como quem não quer
nada, ver se a carta já chegou. O que dirá hoje? Os bicos dos teus seios saltam desses
mamilos marrons procurando a minha boca enlouquecida. Ficava excitada só em pensar. A
cada dia as cartas ficam mais abusadas, entronas, era alguém que escrevia bem, sabia
colocar as coisas. Dia sim, dia não, o carteiro trazia o envelope amarelo, com tarja
marrom, papel fino, de bom gosto. Discreto, contrastava com as frases. Que loucura, ela
jamais imaginara situações assim, será que existiam? Se o marido, algum dia, tivesse
proposto um décimo daquilo, teria pulado da cama, vestido a roupa e voltado para casa da
mãe. Que era o único lugar para onde poderia voltar, saíra de casa para se casar. Bem,
para falar a verdade, não teria voltado. Porque a mãe iria perguntar, ela teria que
responder com honestidade. A mãe diria ao pai, para se desabafar. O pai, por sua vez,
deixaria escapar no bar da esquina, entre amigos. E homem, sabe-se como é, é
aproveitador, não deixa escapar ocasião de humilhar a mulher, desprezar, pisar em cima.
As amigas da mãe discutiriam o episódio e a condenariam. Aquelas mulheres tinham caras
terríveis. Ligou outra vez a tevê, programa feminino ensinando a fazer cerâmica.
Lembrou-se que uma das cartas tinha um postal com cenas da vida etrusca, uma sujeira
inominável, o homem de pé atrás da mulher, aquela coisa enorme no meio das pernas dela.
Como podia ser tão grande? Rasgou em mil pedaços, pôs fogo em cima do cinzeiro, jogou
tudo na privada. O que pensavam que ela era? Por que mandavam tais cartas, cheias de
palavras que ela não ousava pensar, preferia não conhecer, quanto mais dizer. Uma vez, o
marido tinha dito, resfolegante, no seu ouvido, logo depois de casada, minha linda
bocetinha. E ela esfriou completamente, ficou dois meses sem gozar.
Nem dizia gozar, usava ter prazer, atingir o orgasmo. Ficou louca da vida no chá de
cozinha de uma amiga, as meninas brincando, morriam de rir quando ouviam a palavra
orgasmo. Gritavam: como pode uma palavra tão feia para uma coisa tão gostosa? Que
grosseria tinha sido aquele chá, a amiga nua no meio da sala, porque tinha perdido no
jogo de adivinhação dos presentes. E as outras rindo e comentando tamanhos, posições,
jeitos, poses, quantas vezes. Mulher, quando quer, sabe ser pior do que homem. Sim, só
que conhecia muitas daquelas amigas, diziam mas não faziam, era tudo da boca para fora. A
tua boca engolindo inteiro o meu cacete e o meu creme descendo pela tua garganta, para te
lubrificar inteira. Que nojenta foi aquela carta, ela nem acreditava, até encontrou uma
palavra engraçada, inominável. Ah, as amigas fingiam, sabia que uma delas era fria, o
marido corria como louco atrás de outras, gastava todo o salário nas casas de massagens,
em motéis. E aquela carta que ele tinha proposto que se encontrassem uma tarde no motel?
Num quarto cheio de espelhos, para que você veja como trepo gostoso em você, enfiando
meu pau bem no fundo. Perdeu completamente a vergonha, dizer isso na minha cara, que
mulher casada não se sentiria pisada, desgostosa com uma linguagem destas, um
desconhecido a julgá-la puta, sem nada a fazer em casa, pronta para sair rumo a motéis
de beira de estrada. Para que lado ficam?
Vai ver, um dos amigos de meu marido, homem não pode ver mulher, fica excitado e é capaz
de trair o amigo apenas por uma trepada. Vejam o que estou dizendo, trepada, como se fosse
a coisa mais natural do mundo.
Caiu em si raciocinando se não seria alguém a mando do próprio marido, para averiguar
se ela era acessível a uma cantada. Meu deus, o que digo? Fico transtornada com estas
cartas que chegam religiosamente, é até pecado falar em religião, misturar com um
assunto deste, escabroso. E se um dia o marido vier mais cedo para casa, apanhar uma das
cartas, querer saber? Qual pode ser a reação de um homem de verdade, que se preze, ao
ver que a mulher está recebendo bilhetes de um estranho? Que fala em coxas úmidas como a
seiva que sai de você e que eu provoquei com meus beijos e com este pau que você suga
furiosamente cada vez que nos encontramos, como ontem à noite, em pleno táxi, nem se
importou com o chofer que se masturbava. Sua louca, por que está guardando as cartas no
fundo daquela cesta? A cesta foi a firma que mandou num antigo natal, com frutas, vinhos,
doces, champanhe. A carta dizia deixo champanhe gelada escorrer nos pêlos da tua
bocetinha e tomo em baixo com aquele teu gosto bom. Porcaria, deixar champanhe escorrer
pelas partes da gente. Claro, não há mal, sou mulher limpa, de banho diário, dois ou
três no calor. Fresquinha, cheia de desodorante, lavanda, colônia. Coisa que sempre
gostei foi cheirar bem, estar de banho tomado. Sou mulher limpa. No entanto, me pediu na
carta: não se esfregue desse jeito, deixe o cheiro natural, é o teu cheiro que quero
sentir, porque ele me deixa louco, pau duro. Repete essa palavra que não uso. Nem pau,
nem pinto, cacete, caralho, mandioca, pica, piça, piaba, pincel, pimba, pila, careca,
bilola, banana, vara, trouxa, trabuco, traíra, teca, sulapa, sarsarugo, seringa, manjuba.
Nenhuma. Expressões baixas. A ele, não se dá nenhuma denominação. Deve ser sentido,
não nomeado. Tem gente que adora falar, gritar obscenidades, assim é que se excitam,
aposto que procuram nos dicionários, para encontrar o maior número de palavras. Os
homens são animais, não sabem curtir o amor gostoso, quieto, tranqüilo, sem gritos, o
amor que cai sobre a gente como a lua em noite de junho. Assim eram os versinhos no
almanaque que a farmácia deu como brinde, no dia dos namorados. Tirou o disco da
Bethânia, comprou um LP só por causa de uma música, Negue. Ouvia até o disco rachar,
adorava aquela frase, a boca molhada ainda marcada pelo beijo seu. Boca marcada, corpo
manchado com chupadas que deixam marcas pretas na pele. Coisas de amantes. Esse homem da
carta deve saber muito. Um atleta sexual. Minha amiga Marjori falou de um artista da
televisão. Podia ficar quantas horas quisesse na mulher. Tirava, punha, virava, repunha,
revirava, inventava, as mulheres tresloucadas por ele. Onde Marjori achou estas besteiras,
ela não conhece ninguém de tevê?
Interessa é que a gente assim se diverte. Se bem que se possa divertir, sem precisar se
sujeitar a certas coisas. Dessas que a mulher se vê obrigada, para contentar o marido e
ele não vá procurar outras. Que diabo, mulher tem que se impor! Que pensam que somos
para nos utilizarem? Como se fôssemos aparelhos de barba, com gilete descartável. Um
instrumento prático para o dia-a-dia, com hora certa! Como os homens conseguem fazer
barba diariamente, na mesma hora? Nunca mudam. Todos os dias raspando, os gestos eternos.
É a impressão que tenho quando entro no banheiro e vejo meu marido fazendo a barba. Há
quinze anos, ele começa pelo lado direito, o esquerdo, deixa o queixo para o fim, apara o
bigode. Rio muito quando olho o bigode. Não posso esquecer um dia que os pelinhos do
bigode me rasparam, ele estava com a cabeça entre as minhas pernas, brincando. Vinha
subindo, fechei as pernas, não vou deixar fazer porcarias deste tipo. Quem pensa que sou?
Os homens experimentam, se a mulher deixa, vão dizer que sou da vida. Puta, dizem puta,
mas é palavra que me desagrada. E o bigode faz cócegas, ri, ele achou que eu tinha
gostado, quis tentar de novo, tive de ser franca, desagradável. Ele ficou mole,
inteirinho, durante mais de duas semanas nada aconteceu. O que é um alívio para a
mulher. Quando não acontece é feriado, férias. Por que os homens não tiram férias
coletivas? Ia ser tão bom para as mulheres, nenhum incômodo, nada de estar se
sujeitando. Na carta de anteontem ele comentava o tamanho de sua língua, que tem ponta
afiada e uma velocidade de não sei quantas rotações por segundo. Esse homem tem senso
de humor. É importante que uma pessoa brinque, saiba fazer rir. O que ele vai fazer com
uma língua a tantas mil rotações? Emprestar ao dentista para obturar dentes? Outra
coisa engraçada que a carta falou, só que esta é uma outra carta, chegou no mês
passado, num papel azul bonito: queria me ver de meias pretas e ligas. Ridículo, mulher
nua de pé no meio do quarto, com meias pretas e ligas. Nem pelada nem vestida. E se eu
pedisse a ele que ficasse de meias e ligas? Arranjava uma daquelas ligas antigas, que meu
avô usava e deixava o homem pelado com meias. Igual fazer amor de chinelos. Outro dia,
estava vendo o programa do Sílvio Santos, no domingo. Acho o domingo muito chato, sem ter
o que fazer, as crianças vão patinar, meu marido passa a manhã nos campos de várzeas,
depois almoça, cochila, e vai fazer jockeyterapia. Ligo a televisão, porque o programa
Sílvio Santos tem quadros muito engraçados. Como o dos casais que respondem perguntas,
mostrando que se conhecem. O Sílvio Santos perguntou aos casais se havia alguma coisa que
o homem tivesse tentado fazer e a mulher não topou. Dois responderam que elas topavam
tudo. Dois disseram que não, que a mulher não aceitava sugestões, nem achava legal
novidade. A que não topava era morena, rosto bonito, lábio cheio e dentes brancos,
sorridente, tinha cara de quem topava tudo e era exatamente a que não. A mulher franzina,
de cabelos escorridos, boca murcha, abriu os olhos desse tamanho e respondeu que não
havia nada que ele quisesse que ela não fizesse e a cara dele mostrava que realmente
estavam numa boa. Parece que iam sair do programa e se comer.
Como se pode ir a público e falar desse jeito, sem constrangimento, com a cara lavada,
deixando todo mundo saber como somos, sem nenhum respeito? Há que se ter compostura. Ouvi
esta palavra a vida inteira, e por isso levo uma vida decente, não tenho do que me
envergonhar, posso me olhar no espelho, sou limpa por dentro e por fora. Talvez por isso
me lave tanto, para me igualar, juro que conservo a mesma pureza de menina encantada com a
vida. Aliás, a vida não me desiludiu em nada. Tive pequenos aborrecimentos e problemas,
nunca grandes desilusões e nenhum fracasso. Posso me considerar realizada, portanto
satisfeita, sem invejas, rancores. Sou uma das mulheres que as famílias admiram neste
prédio. Uma casa confortável, bem decorada, qualquer uma destas revistas de onde tiro as
idéias podia vir aqui e fotografar, não faria vergonha. Nossa, cinco e meia, se não
voar, meu marido chega, o carteiro entrega o envelope a ele, vai ser um sururu. Prestem
atenção, veja a audácia do sujo, me escrevendo, semana passada. (Disse que faz três
meses que recebo as cartas? Se disse, me desculpem, ando transtornada com elas, não sei
mais o que fazer de minha vida, penso que numa hora acabo me desquitando, indo embora,
não suporto esta casa, o meu marido sempre na casa de massagens e na várzea, esses
filhos com patins, skates, enchendo álbuns de figurinhas e comendo como loucos.) Semana
passada o maluco me escreveu: Queria te ver no sururu, ia te pôr de pé no meio do salão
e enfiar minha pica dura como pedra bem no meio da tua racha melada, te fodendo muito,
fazendo você gritar quero mais, quero tudo, quero que todo mundo nesta sala me enterre o
cacete.
Tive vontade de rasgar tal petulância, um pavor. Sem saber o que fazer, fiquei
imobilizada, me deu uma paralisia, procurei imaginar que depois de estar em pé no meio da
sala recebendo um homem dentro de mim, na frente de todos, não me sobraria muito na vida.
Era me atirar no fogão e ligar o gás. Entrei em pânico quando senti que as pessoas
poderiam me aplaudir, gritando bravo, bravo, bis, e sairiam dizendo para todo mundo:
"sabe quem fode como ninguém? A rainha das fodas?" Eu. Seria a rainha, miss, me
chamariam para todas as festas. Simplesmente para me ver fodendo, não pela amizade,
carinho que possam ter por mim, mas porque eu satisfaria os caprichos e as fantasias
deles. Situações horrendas, humilhantes, desprezíveis para mulher que tem um bom
marido, filhos na escola, uma casa num prédio excelente, dois carros.
Apanho a carta, como quem não quer nada, olho distraidamente o destinatário, agora mudou
o envelope, enfio no bolso, com naturalidade, e caminho até a rua, me dirijo para os
lados do supermercado, trêmula, sem poder andar direito, perna toda molhada. Fico tão
ansiosa, deve ser uma doença que me molho toda, o suco desce pelas pernas, tenho medo que
escorra pelas canelas e vejam. Preciso voltar, desesperada para ler a carta. O que estará
dizendo hoje? Comprei puropurê, tenho dezenas de latas de puropurê. Cada vez que desço
para apanhar a carta, vou ao supermercado e apanho uma lata de puropurê. O gesto é
automático, nem tenho imaginação de ir para outro lado. Por que não compro ervilhas?
Todo mundo adora ervilhas em casa. Se meu marido entrar na despensa e enxergar esse
carregamento de puropurê vai querer saber o que significa. E quem é que sabe?
É dele mesmo, o meu querido correspondente. Confesso, o meu pavor é me sentir apaixonada
por este homem que escreve cruamente. Querer sumir, fugir com ele. Se aparecer não vou
agüentar, basta ele tocar este telefone e dizer: "Venha, te espero no supermercado,
perto da gôndola do puropurê." Desço correndo, nem faço as malas, nem deixo
bilhete. Vamos embora, levando uma garrafa de champanhe, vamos para as festas que ele
conhece. Fico louca, nem sei o que digo, tudo delírio, por favor não prestem atenção,
nem liguem, não quero trepar com ninguém, adoro meu marido e o que ele faz é bom,
gostoso, vou usar meias pretas e ligas para ele, vai gostar, penso que vai ficar louco, o
pau endurecido querendo me penetrar. Corto o envelope com a tesoura, cuidadosamente. Amo
estas cartas, necessito, se elas pararem vou morrer. Não consigo ler direito na primeira
vez, perco tudo, as letras embaralham, somem, vejo o papel em branco. Ouça só o que ele
me diz: Te virar de costas, abrir sua bundinha dura, o buraquinho rosa, cuspir no meu pau
e te enfiar de uma vez só para ouvir você gritar. Não é coisa para mulher ler, não é
coisa decente que se possa falar a uma mulher como eu. Vou mostrar as cartas ao meu
marido, vamos à polícia, descobrir, ele tem de parar, acabo louca, acabo mentecapta, me
atiro deste nono andar. Releio para ver se está realmente escrito isso, ou se imaginei.
Escrito, com todas as palavras que não gosto: pau, bundinha. Tento outra vez, as palavras
estão ali, queimando. Fico deitada, lendo, relendo, inquieta, ansiosa para que a carta
desapareça, ela é uma visão, não existe e, no entanto, está em minhas mãos, escrita
por alguém que não me considera, me humilha, me arrasa.
Agora, escureceu totalmente, não acendo a luz, cochilo um pouco, acordo assustada. E se
meu marido chega e me vê com a carta? Dobro, recoloco no envelope. Vou à despensa, jogo
a carta na cesta de natal, quero tomar um banho. Hoje é sexta-feira, meu marido chega
mais tarde, passa pelo clube para jogar squash. A casa fica tranqüila, peço à empregada
que faça omelete, salada, o tempo inteiro é meu. Adoro as segundas, quartas e sextas,
ninguém em casa, nunca sei onde estão as crianças, nem me interessa. Porque assim me
deito na cama (adolescente, escrevia o meu diário deitada) e posso escrever outra carta.
Colocando amanhã, ela me será entregue segunda. O carteiro das cinco traz. Começo a
ficar ansiosa de manhã, esperando o momento dele chegar e imaginando o que vai ser de
minha vida se parar de receber estas cartas.
Ignácio de Loyola Brandão
O texto acima, publicado em "Os Melhores Contos de Ignácio de Loyola Brandão", seleção de Deonísio da Silva, Global Editora — São Paulo, 1997, foi eleito por Ítalo Moriconi e consta do livro "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro, 2000, pág. 471.
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