segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Messi e Cristiano Ronaldo possuem estilos e talentos que se completam



Não disse que Reinaldo foi um dos maiores centroavantes do mundo de todos os tempos, como estava na chamada do "Bola da Vez", da ESPN Brasil, com o craque. Escrevi, várias vezes, que Reinaldo, se tivesse tido uma carreira longa, sem graves contusões, teria chance, pelos momentos espetaculares que teve no Atlético-MG e também na seleção, de se tornar um dos maiores centroavantes da história. Não chegou a ser.

A cada ano, o futebol evolui nos detalhes. O que era esporádico e usado por pouquíssimas grandes equipes, como marcar por pressão, de forma agressiva e organizada, com muitos jogadores na saída de bola do goleiro, tornou-se frequente, em 2016, mesmo em times pequenos. Muitos gols têm saído na recuperação da bola, próximo à área. O Barcelona, acostumado a trocar passes desde a defesa, tem tido muitas dificuldades.

Foi surpresa, mas nem tanto, o susto que o Kashima Antlers deu no Real Madrid. O time japonês sempre joga bem, detém o conhecimento tático e estratégico, mas perde para as grandes equipes. Falta mais talento individual e vivacidade.

Zidane brilhou ao recuar Casemiro para ser um terceiro zagueiro, já que os dois velozes e hábeis atacantes japoneses davam sufoco nos zagueiros espanhóis. Zidane colocou os laterais à frente, e Marcelo deitou e rolou pela esquerda.

Cristiano Ronaldo merece o título de melhor do ano, mas discordo de que quem ganhou mais títulos tem de ser sempre o melhor. Futebol é coletivo, e o craque depende do momento do time.

Os grandes momentos do Barcelona são muito mais encantadores que os do Real, mas o time de Madri é hoje mais sólido, com mais chance de ganhar títulos. Isso ocorre por seus reservas serem muito superiores aos do Barcelona, por fazer também muitos gols de jogadas aéreas e por marcar melhor no meio-campo, com quatro jogadores: Casemiro, Kroos, Mödric e Gareth Bale ou Lucas Vázquez. O Barcelona marca no meio com três jogadores. Quando o Real recupera a bola, Bale ou Lucas Vázquez se tornam atacantes.

No domingo, enquanto Ronaldo fazia três gols decisivos, Messi executava uma jogada magistral, driblando cinco jogadores em um pequeno espaço. Ele finalizou, e Suárez, no rebote do goleiro, fez o gol. Cristiano Ronaldo e Messi se completam. Pelé era a síntese dos dois. Gostaria de ver um jogo festivo com Messi e Cristiano Ronaldo do mesmo lado.

Messi é genial, polivalente, fenomenal armador e artilheiro. Cristiano Ronaldo é especialista, o mais completo finalizador do mundo. Messi é um artista, Ronaldo, uma supermáquina. Messi é natureza, Ronaldo é ciência física. Messi é fantasista, Ronaldo, operatório. Messi é uma mistura, em proporções iguais, de habilidade, técnica e inventividade. Ronaldo é técnica quase pura. Messi é mais solidário, Ronaldo é mais fominha. Messi é reservado, reprimido. Ronaldo é narcisista, exibicionista. Messi é pequeno, frágil. Ronaldo é alto, uma fortaleza. Messi é vaidoso para dentro. Ronaldo é vaidoso para fora. Os dois são ambiciosos, perfeccionistas. Messi me encanta mais.

Quando Messi e Cristiano Ronaldo estiverem mais velhos, jogando peladas de domingo, ficará mais clara a diferença entre os dois. Messi vai dar um show de habilidade. Cristiano Ronaldo vai ser um comum e tradicional centroavante de pelada, que fica parado, geralmente impedido, esperando a bola para empurrá-la para as redes.

Tostão

Nenhum comentário: