sábado, 14 de janeiro de 2017

O sorriso

”Uma destas noites, um sábio me falou: ‘É preciso conheceres o segredo daquele que nos vende o vinho.’

E ainda: ‘Não leves nada a sério. O mundo carrega de enormes fardos aqueles que dobram a cerviz.’

Depois, estendeu-me uma taça onde o esplendor do céu se refletia tão vivamente que Zuhra se pôs a dançar:

’Filho, segue o meu conselho; não te inquietes com as noites deste mundo. Guarda as minhas palavras: elas são mais raras do que as pérolas’

’Aceita a vida como aceitas essa taça, de sorriso nos lábios, ainda que o coração esteja a sangrar. Não gemas como um alaúde; esconde as tuas chagas

Até o dia em que passares por trás do véu, nada compreenderás. Não podem ouvidos humanos ouvir a palavra do anjo

Na casa do amor, não te envaideças das tuas perguntas, nem da resposta’.

Vinho, ó Saki, mais vinho: as loucuras de Hafiz foram compreendidas pelo Senhor da alegria, Aquele que perdoa, Aquele que esquece.”

Hafez

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