sábado, 22 de fevereiro de 2014

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
 desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
 esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
 sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
 acho o Rio de Janeiro uma beleza
 e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo.
Cumpro a sina. Inauguro linhagens,
 fundo reinos (dor não é amargura).
 Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
 sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida,
é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
 
 
Adélia Prado

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