Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio nos aproximou. A própria natureza dessas coisas é um
apelo eloqüente à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, a
união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares
de pessoas pelo mundo afora. Milhões de desesperados: homens, mulheres,
criancinhas, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera
inocentes. Aos que podem me ouvir eu digo: não desespereis! A desgraça
que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia,
da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens
que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo
arrebataram há de retornar ao povo. Sei que os homens morrem, mas a
liberdade não perecerá jamais.
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