(...) Ora, a consciência que Narciso quer ter de si mesmo lhe tira a vontade de viver, isto é, de agir. Pois, para agir, ele deve parar de se ver e pensar em si; deve deixar de converter em uma fonte na qual se olha uma imagem cujas águas destinam a purificá-lo, a alimentá-lo e a fortalecê-lo. Em outras palavras: contemplar-se narcisicamente é um processo compulsivo, um guante interior que agarra e sufoca o eu, paralisando o movimento de ir além de si e transcender o circulo vicioso da autofruição.
Louis Lavelle, no livro "O Erro de Narciso". (Realizações Editora; 1.ª edição [2012]).
Obra: "Narcissus", 1594 - Caravaggio.
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