sábado, 23 de janeiro de 2021

O adeus de Teresa

A vez primeira que eu fitei Teresa,

Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer coa fala
 
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
 
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
 
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"
 
Passaram temposseclos de delírio
Prazeres divinaisgozos do Empíreo
... Mas um dia volviaos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma criança,
 
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"
 
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz dEla e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
 
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
 
Castro Alves

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