quarta-feira, 4 de julho de 2018

Futebol e eleições

A Copa do Mundo não deveria apresentar muitas surpresas. Muito embora grande parte das seleções esteja apresentando desempenho acima da média, até a eliminação da Alemanha, estava fácil prever as que chegariam às semifinais. É que além de bom futebol, o preparo psicológico e a experiência de participar de jogos decisivos são requisitos altamente relevantes na busca por vitórias. A genialidade, a sorte e a ajudazinha de juízes, em que pese a inovação que possibilita a análise posterior dos lances, também são fatores determinantes de resultados a favor dos melhores, dos mais espertos, dos mais fortes. O fato é que as equipes da Itália e dos USA foram eliminadas ainda nas eliminatórias e o pessoal do Panamá foi jogar nos gramados da Rússia.

Muitos desses fatores e acontecimentos próprios das disputas nos gramados também deverão estar presentes nas próximas eleições. Por enquanto, o que se vê é muito barulho, jogo de cena e muita movimentação nos bastidores. É de se esperar que encerrada a participação da seleção canarinho no certame, a eleição para escolha do futuro presidente passe a ser a bola da vez. Embora totalmente improvável, seria muito bom que se instaurasse um ambiente propício ao debate entre candidatos sobre o que deve ser feito para tirar o país do atoleiro em que se encontra. Já foi o tempo em que eu era otimista com o poder das eleições, talvez porque acreditava que candidatos e partidos pudessem estar realmente comprometidos com mudanças e melhorias.

Agora, olhando em volta, não consigo acreditar que algum dos candidatos venha a receber das urnas um expressivo credenciamento para implementar suas propostas de campanha, condição indispensável para que possa enfrentar, com algum sucesso, as bancadas da bala, da bíblia, do boi e, também, do banco, da boleia, da bandidagem, da bola..., todas elas agindo despudoradamente em causa própria, em todas as instâncias do poder público. Dói só de pensar no que vem por aí. Torço para que, tendo sofrido mais um futuro inglório, aprendamos a escolher os nossos mandatários.

Vitória, 27 de junho de 2018
Alvaro Abreu
Escrita para A GAZETA

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