domingo, 22 de outubro de 2017

Missão cumprida!

Acautelei-me de algumas palavras escritas para o momento pois a ocasião é de despedida e toda despedida é cheia de emoção, sentimento incorrigível e traiçoeiro, ela quase sempre, teima em embargar-nos a voz, a afugentar os vocábulos e o pensamento, deixando um rastro de silêncio em seu lugar.

Mas, é preciso dizer alguma coisa. Nós, servidores do Fórum de Pombal, que tivemos o prazer de conviver com a Dra. Candice por todo esse tempo não poderíamos nos furtar de deixar aqui o nosso reconhecimento e agradecimento, que não é só nosso, mas também dos jurisdicionados desta terra.
Sabemos quão difícil é a arte de julgar. Nesse campo não há empate. Há sempre um que ganha, há sempre um que é contrariado. Processo natural da aplicação do Direito. Sabemos todos que o Poder Judiciário exerce subjetivamente indiscutível função pública. É o que faz no instante em que dispõe de poderes para apreciar e decidir sobre qualquer lesão ou ameaça de direito, originária, inclusive, dos Poderes Executivo e Legislativo; na oportunidade em que declara a inconstitucionalidade da lei; no momento em que invalida ou convalida a punição imposta ao servidor público; na ocasião em que procura salvaguardar lesão de ordem pública e de repercussão insuportável pelo erário, dentre outras tantas condições.

No momento em que o país vive uma ebulição ética, política e moral, é confortante aduzir a todos o nosso prazer em testemunhar o compromisso da Dra. Candice com a prática da justiça, muitas vezes, indo além de seu oficio, sendo conselheira, psicóloga, médica e até mãe de tantos que acorreram ao seu gabinete, sem, contudo, afastar-se de sua coragem, do seu senso de justiça, honestidade e imparcialidade, sem necessitar de acender uma vela a Deus e outra ao diabo. Distribuindo humanidade e alma a frieza das letras frias dos processos.

Não é demais lembrar que as decisões do magistrado têm vida curta e fatalmente terminam adormecidas nos arquivos; mas a dignidade de quem as profere permanece acordada na memória dos jurisdicionados. Bustos e nomes nos frontispícios dos foros podem significar mais egoísmo do que merecimento; mais vaidade pessoal do que retrato moral do pleito autoconcedido. Elucide-se que o busto de bronze é apenas um retrato plástico que, convertido em homenagem, não tem o condão de engrandecer quem não soube engrandecer-se e, dependendo do homenageado, pode até ser depreciativo, ao invés de enaltecedor. 

De outro norte, sua memória será cultuada em cada um de nós servidores que sentiremos sua falta, muito mais sentirá aquele cidadão do povo, aquela mãe de família ou aquela viúva que a esperava nos corredores do fórum com os mais diversos pleitos, ora pra despachar um processo, ora para aceitar a transferência de um preso, ora para sentenciar um alvará. 

Como Juíza foi espelho da sociedade a que esteve jurisdicionalmente integrada e a ela não foi indiferente. Combateu o bom combate e deixa entre todos nós, servidores, uma história de proximidade e amizade. Se Pombal sentirá a sua falta, acredite, nós servidores sentiremos muito mais. 

Em nome dos jurisdicionados e de todos os servidores do Fórum de Pombal, nosso muito obrigado por tudo! 

Teófilo Júnior

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