domingo, 2 de abril de 2017

Agruras de um prefeito

Criativos leitores, para evitar problemas imaginemos que em uma pequena cidade da França ou da Alemanha um Prefeito foi denunciado porque estaria proibindo um servidor de exercer a função para a qual prestara concurso. Na presença do Juiz o alcaide confirmou que realmente não estava permitindo o tal servidor de dirigir o ônibus escolar recém adquirido porque o histórico dele não recomendava: “- Imagine, Doutor Juiz, que uma vez ele dirigia uma ambulância daqui até a capital levando um paciente e o acompanhante. No caminho a ambulância capotou e os passageiros morreram. De outra feita levava para a cidade vizinha um time de futebol e no acidente que ele provocou só escaparam os reservas, porque viajavam em outra Kombi. O senhor acha que eu posso confiar nele para levar crianças à escola?”. O Juiz manteve a ordem; ele teria que colocar o servidor para dirigir porque se tratava de desvio de função. Num último apelo o Prefeito suplicou: “- Então, Doutor, deixa eu fazer uma coisa melhor; a prefeitura continua pagando o salário do servidor e eu o coloco à disposição da Justiça para ser seu motorista”. A Excelência voltou atrás imediatamente.

Meses depois foi chamado por outra autoridade que reclamava da queda do muro do cemitério, ocorrida há três meses sem qualquer providencia da municipalidade. Resolveu a questão rapidamente: “- Excelência, a cidade está sem agua há dois anos e o dinheiro só dá para os carros pipa. Vamos deixar o conserto do muro para quando chover, porque quem está lá dentro não tem como sair e quem está do lado de fora não quer entrar de jeito nenhum”.

Aliás, esse cemitério tem um outro momento interessante. Logo que o Prefeito assumiu, tratou de realizar concurso público para o cargo de coveiro, e foi avisado que os coveiros trabalham 24 horas e folgam 72 horas, de modo que contratou 3 coveiros. No entanto, num domingo à tarde em que havia necessidade de realizar um sepultamento, a esposa do plantonista avisou que o marido estava bebendo desde as 9 da manhã no bar de Isaura. O Prefeito foi até lá e realmente encontrou o coveiro morto de bêbado e atrevido: “- Vou abrir cova pra ninguém não, e se achar ruim na próxima eleição minha família vota no outro lado”.

Abismado, perguntei ao Prefeito qual foi a solução. “- Doutor Marcos, pelos 20 votos da família dele eu abriria mais 5 covas, quanto mais só aquela”.
 
Marcos Pires
Correio da Paraiba 

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