Eu já sabia. O leitor mais antigo também sabe da minha campanha permanente sobre o poder, inclusive de cura, de uma carta de amor.
Agora vem a ciência e bate o martelo. Pesquisa dos EUA, óbvio, ô povo para gostar de uma amostragem. Desta vez foi uma equipe da Universidade Northwestern.
Casais que expõem os sentimentos, em apenas três singelas cartinhas por ano, vivem bem melhor. Batata. Carece nem da velha Dê-erre, a mitológica discussão de relação.
Agora lembro uma que recebi no City Hotel, em uma temporada na beira do Guaiba, POA. De paralisar de amor aquela missiva que saiu de uma moça de letra “A” da cidade do Rio de Janeiro.
Outra A, do Recife, me escreveu a partir de uma fábula do escritor Alberto Moravia. A letra “A” domina meu alfabeto amoroso, não é, mulher-que-passeia?
Pela volta da carta de amor, repito:
A carta escrita à mão, com local de origem, data, saudações, motivos, despeço-me por aqui etc, papel fininho e pautado.
Como canta o Roberto, escreva uma carta, meu amor, e diga alguma coisa por favor.
Agora Beatles: Ô, mr. Postman!
Tem também aquele do Waldick, nosso Johnny Cash baiano: “Amigo, por favor leve essa carta/ e diga àquela ingrata/ como está meu coração…”
Chega de SMS e emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue.
Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Pessoa, travestido de Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.
O que você está esperando, vá ali na esquina, compre um belo papel e envelopes, e se devote.
Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.
Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão desses aplicativos e paquera no Face e atire a garrafa aos mares.
Às moças é consentido, além dos floreios e da caligrafia mais arrumadinha, a reprodução de um beijo, com batom bem vermelho, ao final, perto da assinatura.
Assim como me fez Dee e o seu bocão pós-Jolie.
Que os amigos, e não apenas os amantes, se correspondam, fazendo dos envelopes no fundo do baú os seus rascunhos existenciais.
É o que tenho feito com o Joaquim Ferreira dos Santos, o homem das amigas, no blog do IMS. O cronista me escreveu uma hoje de arrepiar.
Despeço-me por aqui, sem mais para o momento, XS
Xico Sá
Folha de S. Paulo

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