segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Flores murchas

Depois do nosso desejado enlace
Ela dizia, cheia de carinho,
Toda ternura a segredar baixinho:
— Deixa, querido, que eu te beije a face!


Ah! se esta vida nunca mais passasse!
Só vejo rosas, sem um só espinho;
Que bela aurora surge em nosso ninho!
Que lindo sonho no meu peito nasce!


E hoje, a coitada, sem falar de amor,
Em vez daquele natural vigor,
Sofre do tempo o mais cruel carimbo.


E assim vivendo, de mazelas cheia,
Em vez de beijo, sempre me aperreia
Pedindo fumo para o seu cachimbo.




Patativa do Assaré/ Antônio Gonçalves da Silva



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