Prezado Noel,
É escusado dizer o quanto me custou antepor o adjetivo prezado ao seu nome. Como é do seu conhecimento, eu não o prezo, e a recíproca deve ser verdadeira. Quanto à minha carta aberta, não é, como pode parecer, indiscrição ou exibicionismo da minha parte. Quis apenas poupá-lo do trabalho de ter que localizá-la no meio da avalanche de cartas que, nessa época do ano, ameaça soterrá-lo. Nada além.
Mas vamos ao que (me) interessa: a primeira vez que ouvi falar do seu nome, eu ainda morava nos cafundós do Caracol. Como qualquer moleque do meu tope, campeava nuvens, conversava com o vento e não me ardia o desespero de ser dono de nada, como diria o poeta. Eis que numa manhã qualquer de dezembro, minha mãe, que acabara de chegar da cidade, me entregou um balãozinho vermelho, desses que a meninada, hoje, se compraz em estourar com os pés nas festas de aniversário. Limitou-se a dizer: “Foi Papai Noel que mandou”. Ressabiado, mas curioso, aceitei o presente e tratei de inflá-lo para provocar inveja aos companheiros. E tamanho foi o meu entusiasmo que o balãozinho, depois de um pluf, fez-se tirinhas de borracha sem qualquer utilidade. Creio ter sido aquela a minha primeira decepção. Chorei tudo que tinha direito, prometi a mim mesmo que jamais choraria por algo perdido ou não conquistado, e assim tem sido. Em contrapartida, jurei odiá-lo para todo o sempre.
Mas tarde, já em São Raimundo Nonato, véspera de Natal, encontrei, num canteiro mal cuidado, uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima. Coberta de poeira, abandonada e triste. Parecia ter sido jogada ali por alguém que perdera a fé. Encarei o fato como uma mensagem sua; uma tentativa de reconciliação. Prontamente, aceitei-a. Limpei a imagem na fralda da camisa e voltei correndo para casa. Dona Purcina, precisa como um tiro de lazarina, não se comoveu com a minha versão: “Quem acha o que não perdeu não é o dono”, limitou-se a dizer, e me obrigou a devolver a imagem ao lixo. Não podendo odiar minha mãe, por razões de ordem prática, descarreguei todo o meu ódio em você, Jurei que um dia ainda lhe arrancaria as barbas com um alicate
Na adolescência, perdidamente apaixonado por uma colega, resolvi cantá-la (sou do tempo em que se cantavam as mulheres). Com ensaiada timidez, ela me prometeu a resposta para a noite de Natal. Estávamos em outubro. Foram dois meses de expectativa, sonhos, pesadelos, febres, poluções noturnas e outras coisinhas impublicáveis. No dia aprazado – coração aos pulos – fui procurá-la. A moça tinha deixado a cidade com a família. Chorei, chorei, “até ficar com dó de mim”, como naquela música do Chico. Jurei que jamais choraria por mulher alguma, o que não cumpri.
Cresci, envelheci, e muitos natais se passaram sem maiores traumas. Para ser franco, o ódio arrefeceu, cheguei mesmo a ignorá-lo. Eis que, na semana passada, um outdoor da Arezzo mexeu comigo. Nele, vê-se uma perna linda, soberba, generosa, embrulhada, pronta para ser comida (com os olhos), se me permite a liberdade de expressão. Foi aí que me ocorreu a idéia de lhe fazer uma proposta. Já que é final de ano, por que não aproveitamos essa oportunidade ímpar para fazermos as pazes? É simples: você me manda a dona daquela perna (pode ser zarolha, dentuça ou corcunda), e eu esqueço todas as nossas divergências pretéritas. De quebra, ainda passarei a chamá-lo de Papai Noel como fazem todas as pessoas normais.
Sendo o que tenho para o momento, aguardo e confio.
P.S. Não é preciso embrulhá-la: eu cuido disso.
Cineas Santos
É escusado dizer o quanto me custou antepor o adjetivo prezado ao seu nome. Como é do seu conhecimento, eu não o prezo, e a recíproca deve ser verdadeira. Quanto à minha carta aberta, não é, como pode parecer, indiscrição ou exibicionismo da minha parte. Quis apenas poupá-lo do trabalho de ter que localizá-la no meio da avalanche de cartas que, nessa época do ano, ameaça soterrá-lo. Nada além.
Mas vamos ao que (me) interessa: a primeira vez que ouvi falar do seu nome, eu ainda morava nos cafundós do Caracol. Como qualquer moleque do meu tope, campeava nuvens, conversava com o vento e não me ardia o desespero de ser dono de nada, como diria o poeta. Eis que numa manhã qualquer de dezembro, minha mãe, que acabara de chegar da cidade, me entregou um balãozinho vermelho, desses que a meninada, hoje, se compraz em estourar com os pés nas festas de aniversário. Limitou-se a dizer: “Foi Papai Noel que mandou”. Ressabiado, mas curioso, aceitei o presente e tratei de inflá-lo para provocar inveja aos companheiros. E tamanho foi o meu entusiasmo que o balãozinho, depois de um pluf, fez-se tirinhas de borracha sem qualquer utilidade. Creio ter sido aquela a minha primeira decepção. Chorei tudo que tinha direito, prometi a mim mesmo que jamais choraria por algo perdido ou não conquistado, e assim tem sido. Em contrapartida, jurei odiá-lo para todo o sempre.
Mas tarde, já em São Raimundo Nonato, véspera de Natal, encontrei, num canteiro mal cuidado, uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima. Coberta de poeira, abandonada e triste. Parecia ter sido jogada ali por alguém que perdera a fé. Encarei o fato como uma mensagem sua; uma tentativa de reconciliação. Prontamente, aceitei-a. Limpei a imagem na fralda da camisa e voltei correndo para casa. Dona Purcina, precisa como um tiro de lazarina, não se comoveu com a minha versão: “Quem acha o que não perdeu não é o dono”, limitou-se a dizer, e me obrigou a devolver a imagem ao lixo. Não podendo odiar minha mãe, por razões de ordem prática, descarreguei todo o meu ódio em você, Jurei que um dia ainda lhe arrancaria as barbas com um alicate
Na adolescência, perdidamente apaixonado por uma colega, resolvi cantá-la (sou do tempo em que se cantavam as mulheres). Com ensaiada timidez, ela me prometeu a resposta para a noite de Natal. Estávamos em outubro. Foram dois meses de expectativa, sonhos, pesadelos, febres, poluções noturnas e outras coisinhas impublicáveis. No dia aprazado – coração aos pulos – fui procurá-la. A moça tinha deixado a cidade com a família. Chorei, chorei, “até ficar com dó de mim”, como naquela música do Chico. Jurei que jamais choraria por mulher alguma, o que não cumpri.
Cresci, envelheci, e muitos natais se passaram sem maiores traumas. Para ser franco, o ódio arrefeceu, cheguei mesmo a ignorá-lo. Eis que, na semana passada, um outdoor da Arezzo mexeu comigo. Nele, vê-se uma perna linda, soberba, generosa, embrulhada, pronta para ser comida (com os olhos), se me permite a liberdade de expressão. Foi aí que me ocorreu a idéia de lhe fazer uma proposta. Já que é final de ano, por que não aproveitamos essa oportunidade ímpar para fazermos as pazes? É simples: você me manda a dona daquela perna (pode ser zarolha, dentuça ou corcunda), e eu esqueço todas as nossas divergências pretéritas. De quebra, ainda passarei a chamá-lo de Papai Noel como fazem todas as pessoas normais.
Sendo o que tenho para o momento, aguardo e confio.
P.S. Não é preciso embrulhá-la: eu cuido disso.
Cineas Santos
Um comentário:
PAPAI NOEL AVISA ÀS CRIANCINHAS DA RUA JOSÉ AUGUSTO LESSA (PRINCIPAL) DO CONJUNTO INOCOOP QUE, MAIS UMA VEZ, NÃO SERÁ POSSÍVEL ATENDER AO PEDIDO DE NATAL PARA A FINALIZAÇÃO DO CALÇAMENTO DESTA RUA, TÃO ABANDONADA, CHEIA DE BURACOS, LAMA NO INVERNO E MUITA POEIRA NO VERÃO.DEDIQUEI OS ÚLTIMOS QUASE TRÊS ANOS, MARTELANDO A CABEÇA DO PREFEITO CÍCERO ALMEIDA. FUI A BRASÍLIA, AJUDEI NA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS NA CAIXA ECONÔMICA E CONFESSO... NÃO FOI TÃO DIFÍCIL.
FOI FEITA A TOMADA DE PREÇO Nº 012/2008- CONTRATO N° 053/2008 COM A EMPRESA CAMBRÁ ENGENHARIA LTDA - CNPJ/MF N° 03.773.441/0001-14-vencedora) NO VALOR DE R$ 303.985,05. TAMBÉM TIVE O CUIDADO DE NÃO FERIR A LEI ELEITORAL. LEMBRANDO QUE O CÍCERO ASSINOU O CONTRATO EM 27 DE MAIO DE 2008, REGIDO PELA LEI FEDERAL 8.666/93.QUERIDAS CRIANCINHAS, COMO ESTÃO VENDO TOMEI TODO CUIDADO PARA ATENDER ESSE PEDIDO TÃO JUSTO, ATÉ AGILIZEI A CONFECÇÃO DA PLACA.
ACREDITEM, FIQUEI MUITO TRISTE, PERPLEXO, ESTARRECIDO, DECEPCIONADO E MESMO SENDO PAPAI NOEL NÃO CONSEGUI ENTENDER O PORQUÊ DO PREFEITO CÍCERO MANDAR RETIRAR AS PLACAS NO FINAL DE 2008, SEM COLOCAR UM PARALELEPÍPEDO SE QUER E SEM DAR NENHUMA EXPLICAÇÃO CONDIZENTE, VERDADEIRA.
MAS...CONTINUEI NA LUTA, ENTREI EM CONTATO COM O PADIM CÍCERO E JUNTOS CONSEGUIMOS NO INÍCIO DE 2009 QUE O PREFEITO CÍCERO RETORNASSE COM A PLACA E REALMENTE INICIASSE AS OBRAS DE CALÇAMENTO E DRENAGEM. ANOTEI AS DIFICULDADES NORMAIS DO PERÍODO DE INVERNO NORDESTINO E O QUE MAIS ME PREOCUPOU FORAM AS FALTAS DE MATERIAL, POIS ORA FALTAVA MEIO FIO, ORA PARALELEPÍPEDO, ORA CIMENTO, ORA AREIA, SEM CONTAR COM OS EQUIPAMENTOS QUE QUEBRAVAM CONSTANTEMENTE OU FALTAVA COMBUSTÍVEL NA RETROESCAVADEIRA E PATROL. TUDO INDICAVA QUE O PRAZO PREVISTO NÃO SERIA CUMPRIDO. SINCERAMENTE, NUNCA PODERIA IMAGINAR QUE O PREFEITO CÍCERO ALMEIDA, SABEDOR DO GRANDE SONHO DE TODAS AS CRIANCINHAS, IRIA ABANDONAR, SUMIR DEIXANDO A RUA NESSAS CONDIÇÕES: INACABADA E ABANDONADA FALTANDO APENAS 100 MTS. (aprox.) PARA SUA CONCLUSÃO, NO ENCONTRO COM A RUA "P" (anteriormente pavimentada) E O ACESSO A RUA "H" (não calçada) que por falta de uma simples galeria de escoamento de águas pluviais criou uma verdadeira lagoa inviabilizando o acesso dos moradores em suas próprias residências.(VIDE FOTOS). NA CONDIÇÃO DE PAPAI NOEL SEMPRE ADOTO MEDIDAS DE CONVENCIMENTO, NUNCA UTILIZEI A MINHA AMIZADE PARA TOMAR MEDIDAS PUNITIVAS. NESSE CASO, EXCEPCIONALMENTE, ESTOU SUGERINDO QUE SEJA FEITO UM ABAIXO ASSINADO DIRIGIDO AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, POIS PELO QUE PUDE CONCLUIR OS RECURSOS JÁ TERIAM SIDO LIBERADOS ATRAVÉS DE EMENDA PARLAMENTAR, JUNTO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 2007/2008. AO QUE TUDO INDICA TERIA SIDO DESVIADO NÃO SE SABE PRA ONDE. POR OUTRO LADO PEDIREI AUDIÊNCIA AO NOSSO SUPREMO CHEFE QUE COM A SUA INTERFERENCIA, RESTANDO AINDA 60 DIAS PARA A ÉPOCA DE NATAL TEMPO MAIS QUE SUFICIENTE PARA CONCLUSÃO DO RESTANTE DA OBRA (apenas 10%) PODERMOS DAR COMO ATENDIDO ESSE PEDIDO JÁ TANTAS VEZES ADIADO.
UM FORTE ABRAÇO DO PAPAI NOEL.
Tradução: Ademir Sales
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