Boa parte dos livros jurídicos que li durante e depois do curso de Direito foram adquiridos nas Livraria Acadêmica, do saudoso advogado Geraldo Freire, e Livraria do Fórum, do sempre atencioso Francisco de Assis (foto), ou simplesmente Assis da livraria, figura humana de boa cepa. A primeira há muito já cerrou suas portas e o prédio deu lugar a um anexo da Assembleia Legislativa. A segunda, para nossa tristeza, também vai fechar.
Como o próprio nome diz a livraria de Assis foi instalada no Fórum Cível de João Pessoa no ano de 1985,
quando o Tribunal de Justiça da Paraíba era presidido pelo
Desembargador Rivando Bezerra Cavalcante e o Fórum tinha como diretor o
então juiz José Hardman Norat. Naquela época se limitava a duas estantes
estrategicamente colocadas no átrio do antigo fórum que funcionava em
um prédio situado na Rua Rodrigues de Aquino, hoje sede do Ministério
Público Estadual. Os chamados operadores do direito se nutriam com os livros oferecidos de forma convincente e educada pelo habilidoso vendedor.
Num
misto de surpresa e tristeza fiquei ao ser informado pelo próprio Assis
que encerraria sua atividade de livreiro, após trinta e dois anos
atuando dentro do Fórum Cível. Ali já encontrei as estantes despidas dos livros e um ar de melancolia. O motivo, ele explicou: a falta de compradores; a diminuição do fluxo de pessoas nos corredores forense e o PJe!
Pje?
Como o processo judicial eletrônico interferiu na queda das vendas?
Mais uma vez Assis explicou: com o Pje o advogado não vem mais ao Fórum e
a internet facilitou a pesquisa jurisprudencial e doutrinária. Vender livros é negócio e, como tal, é preciso ter lucro.
Livraria será uma página virada na vida de Assis.
Mudou de ramo e agora está negociando com caprino e seus derivados, em
bem montada loja na garagem de sua casa, no bairro do Altiplano. Boa sorte, amigo. Do bode só se perde o berro.
Adhailton Lacet Porto - MaisPB
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