“Há na aldeia uma espécie de serpente que circula pelo silêncio dos tetos e pela lonjura dos caminhos. Essa peçonhenta criatura procura as pessoas felizes para as morder e as envenenar, sem que elas se apercebam nunca. Esta é a razão porque, em Kulumani todos padecem da mesma infelicidade. Todos tem medo, medo da vida, medo dos amores, medo até dos amigos. Uns chamam a esse monstro de diabo, outros chamam-no de "shekatani". A maior parte, porém, chamam-no de "serpente coxa".
O escritor interrompe a longa narrativa:
- Desculpe, meu caro..., mas para mim essa serpente somos nós mesmos."
Mia Couto, em "A confissão da leoa"
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