Não é certo fazer pacto com borboletas.
Não acho certo.
Deveria ser crime
Prosear com passarinhos
Ou observar detidamente
A gota de orvalho
Em meio às pétalas entreabertas da aurora.
Errado deixar-se atrair por bolhas de sabão.
Obsceno ficar espiando o acasalamento das cores
No alaranjar do crepúsculo.
É cruel observar, inerte,
O trabalho escravo das formigas.
Desumano mesmo é achar
Que pirilampo também é gente.
As leis do Estado
Deveriam tolher um tanto mais
Essa poesia indecorosa das coisas
E condenar à morte os poetas,
Esses deploráveis reinventores
Do vetor das essências.
Nara Rúbia Ribeiro
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