(...)
A "democracia racial" que nós fingimos é a mais cínica, a mais cruel
das mistificações. Quando andou por aqui, Jean-Paul Sartre fez cinco,
seis ou dez conferências. E sempre que o gênio falava, era um sucesso
tremendo. Gente em pé, sentada, pendurada, trepada etc. etc. Na última
palestra, o filósofo perdeu a paciência. Vira-se para dois ou três
brasileiros, que o lambiam com a vista, e perguntou: — “E os negros?
Onde estão os negros?”.
Nelson Rodrigues, no livro "A Menina Sem Estrela". (Cap. LXVI / Ed. Cia das Letras; 1.ª edição [1993]).
Obra: "Cabeça de Negro", 1906 - Arthur Timótheo.
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