Já nem silêncios nos restam
De tudo o que antigamente nos sobrava
Das madrugadas limpas
Onde o canto das aves nos ensinava
O caminho de casa
Hoje os teus olhos perderam-se pelas ameaças da noite
E sei que só eu espero ainda o milagre
De um gesto perfeito (outros dirão perdido)
Que traga de volta à minha pele as marcas do suor
Com que falavas de mim como de um país
A que irias sempre regressar
- mas isso era no tempo em que
Ainda guardavas na algibeira as palavras da infância
Com que entraras um dia no meu corpo e na minha vida
E tudo tinha o destino tranquilo
De uma criança a atirar pedras à lua
Escultura de ©Philippe Faraut
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