Jogo a minha rede no mar da vida e ás vezes,
quando a recolho, descubro que ela retorna vazia.
Não há como não me entristecer e não há como desistir.
Deixo a lágrima correr,
vinda das ondas que me renovam,
por dentro, em silêncio,
dor que não verte, envenena.
O coração respingado, arrumo,
como posso, os meus sentimentos.
Passo a limpo os meus sonhos.
Ajeito, da melhor forma que sei,
a força que me move.
Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias,
sou corajosa o bastante pra não me acostumar com essa ideia.
Se gente não fosso feita pra ser feliz,
Deus não teria caprichado tanto nos detalhes.
Perseverança não é somente acreditar na própria rede...
Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar.
E eu estarei lá na beira da praia de novo.
Ana Jácomo
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