terça-feira, 17 de novembro de 2015

Poema

Essa raiva que me impulsiona a viver desejando a morte -
os olhos de Maiakovski tinham a garra e a certeza de um
pulso à morte. A elegância de Maiakovski que se matou
manchando com apenas um círculo de sangue, em torno
do coração de pura pulsão, sua camisa branca e folgada.
Viver sem indagações estéticas é impossível. O belo e o
feio oprimindo. O desejo. As impossibilidades.
Grita o infantil: - Odeio a beleza. Odeio reverenciar. Odeio
me tornar escravo. Odeio não conseguir deixar transbordar
a pulsão da plenitude. Estou farto. Porém, ainda não é a
hora da flor do peito - a última mancha vermelha produzida
por uma bala delicada.

Guilherme Zarvos (São Paulo, 13 de março de 1957). É poeta, escritor, produtor cultural, professor, cientista social e economista. Guilherme é uma das figuras mais emblemáticas do cenário poético carioca desde os anos 90. Ao lado do poeta Chacal, fundou o CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética) evento underground que resiste e revela poetas e músicos há 18 anos. Doutor em Letras pela PUC - Rio. Publicou sua tese Branco Sobre Branco que conta a história do CEP e sua aventura pela poesia no Rio de Janeiro.

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