Ex-secretário nacional de Segurança Pública aborda a corrupção no PT do mensalão
Os primeiros passos do antropólogo Luiz Eduardo Soares (Nova Friburgo,
1954) como secretario nacional de Segurança Pública em 2003 foram
recebidos com uma rajada de tiros na fachada de sua casa no Rio. Mas
este não foi o único sobressalto da travessia política de Soares,
coautor da obra que inspirou o filme Tropa de Elite. No seu novo livro,
Rio de Janeiro – História de Vida e Morte (Companhia das Letras), Soares
relata a gênese do mensalão, a promessa de Lula e José Dirceu de não
investigar as contas do ex-governador do Rio Anthony Garotinho em troca
de apoio político, e sua saída do Governo, dez meses depois da sua
nomeação, após a divulgação de um dossiê recheado de graves acusações
contra ele e que tinha sido forjado pelos próprios colegas de partido.
“Uma armadilha”, segundo Soares, na qual participaram grandes nomes do
PT, como José Genoino, condenado a mais de quatro anos por corrupção.
Soares tem uma visão diferente da Segurança Pública, uma ferida que
nunca se cura no Brasil. Partidário de oferecer um programa de
manutenção, recuperação e formação para os traficantes que queiram
abandonar a vida do crime, Soares relata como dois líderes do tráfico o
procuraram na busca de uma saída que não fosse a morte. “[Um deles]
estava convencido de que não sobreviveria à prisão. Presos, os
criminosos que na véspera eram sócios dos policiais convertem-se em seus
delatores potenciais”, explica.
Como subsecretario de Segurança no Rio, entre 1999 e 2000, conta também
seu tenso périplo por uma favela em um carro dirigido por um procurado
narcotraficante e como ficou pasmado diante da imagem de um policial,
com meio corpo fora de um helicóptero, simulando massacrar com um fuzil
os participantes de uma manifestação em uma comunidade.
Soares dinamita o clichê da Cidade Maravilhosa, vítima da corrupção e
da violência. Acabar com elas passa, segundo o autor, por uma profunda
reforma das polícias, pelo fim das execuções extrajudiciais e a
legalização das drogas.
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María Martín, El País
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