domingo, 20 de abril de 2014

Aquele outro

O dúbio mascarado, o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito;
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo, o cobarde rigoroso...


Em vez de Pajem, bobo presunçoso.
Sua alma de neve, asco dum vómito...
Seu ânimo, cantado como indómito,
Um lacaio invertido e pressuroso...


O sem nervos nem ânsia, o papa-açorda...
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal.


O corrido, o raimoso, o desleal,
O balofo arrotando Império astral,
O mago sem condão, o Esfinge gorda...



Mário de Sá-Carneiro

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