segunda-feira, 24 de março de 2014

Risco de engordar ao consumir fritura varia de acordo com a genética

Indivíduos com propensão genética a engordar acumulam mais gordura do que os outros ao consumir alimentos fritos com frequência

Os resultados de um estudo publicado nesta terça-feira (18) mostram que a ingestão frequente de fritura (mais de quatro vezes por semana) tem o dobro de impacto no índice de massa corporal (IMC) de pessoas com propensão genética a engordar do que para pessoas com risco menor. Em outras palavras, a genética de um indivíduo pode turbinar os efeitos de uma dieta inadequada.

Sabe- se que tanto o consumo de alimentos fritos quanto certas variantes genéticas estão associadas à adiposidade (concentração de gordura no corpo). No entanto, a interação entre esses dois fatores de risco em relação ao IMC e obesidade não havia sido estudada.

Uma equipe de pesquisadores norte-americanos, liderados por Lu Qi, professor assistente da Escola de Saúde Pública de Harvard e do Hospital Brigham and Women's analisou a interação entre o consumo de fritura e o risco genético ligado à obesidade em mais de 37 miol homens e mulheres que participam de três grandes testes.

Os pesquisadores usaram questionários de frequência alimentar para avaliar o consumo de alimentos fritos e um escore de risco genético com base em 32 variações genéticas conhecidas associadas ao IMC e à obesidade.

Foram estabelecidas três frequências de consumo de alimentos fritos: menos de uma vez por semana, de uma a três vezes por semana, e quatro ou mais vezes por semana. Os escores de risco genético variaram de 0 a 64 e aqueles com uma pontuação mais elevada tinham um IMC mais elevado.

A altura e o peso dos participantes foram avaliados no início dos testes. Informações sobre estilo de vida, como prática de atividade física e tabagismo, também foram coletadas.

Os pesquisadores descobriram interações consistentes entre o consumo de alimentos fritos e escores de risco genético ligados ao IMC.

Entre os participantes com maior risco genético, as diferenças entre o IMC dos indivíduos que consumiam frituras quatro ou mais vezes por semana e aqueles que consumiam menos de uma vez por semana foram de 1,0 kg/m2 em mulheres e de 0,7 kg/m2 em homens.

Para os participantes com os escores mais baixos de risco genético, as diferenças foram de 0,5 kg/m2 em mulheres e de 0,4 kg/m2 em homens.

Os autores ressaltam que os resultados podem ter sido afetados por outros fatores não medidos ou desconhecidos, apesar de terem sido ajustados para vários fatores de estilo de vida.

No entanto, eles acreditam a associação entre o consumo de alimentos fritos e a adiposidade pode variar de acordo com as diferenças de predisposição genética. E vice-versa: as influências genéticas sobre a adiposidade podem ser modificadas pelo consumo de frituras.

"Nossos resultados ressaltam a importância de se reduzir o consumo de alimentos fritos na prevenção da obesidade, particularmente em indivíduos geneticamente predispostos", diz Lu Qi.

"Este trabalho oferece uma prova da interação entre risco genético e meio ambiente na obesidade", escreveram as especialistas Alexandra Blakemore e Jessica Buxton, do Imperial College de Londres, em um editorial.

Elas acreditam que o resultado não deve influenciar políticas públicas de saúde, visto que a recomendação de evitar fritura vale para todo mundo. Por outro lado, elas ressaltam que a informação

Por outro lado, eles ressaltam que a informação genética pode ser muito útil para o tratamento de formas "monogênicas" de obesidade, quando a doença é causada por alterações em um único gene. Para elas, seria uma vergonha ignorar a genética no tratamento da obesidade, portanto é importante que mais estudos sejam feitos para ajudar a estratificar os pacientes para fornecer cuidados e tratamentos adequados.

Fonte: UOL

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