terça-feira, 2 de outubro de 2012

O amor e as más companhias. Você acredita?

Será que existe essa coisa de má companhia, más companhias capazes de mudar o rumo das nossas sagas amorosas?

Ele, de repente, voltou a andar com um canalha convicto. Ela, do nada, recorreu aos dotes de um dublê de madame Simone de Beauvoir ou da mais avoada periguete do bairro etc.
 
Na tentativa de confortar mais um amigo, este do Recife, que chupava o frio chicabon da solidão na ponte Buarque de Macedo, sofri a acusação de descaminhá-lo.
 
Sim, a ponte que metia medo até no Augusto dos Anjos, nosso primeiro ensaio de lirismo-punk-brega.
 
Em plena segunda-feira, recebi a patada da ex do dito cujo, incomodada com suposta má influência sobre o mancebo:
 
- Não vai descaminhá-lo! –sapecou a princesa. – Quando vi que estavam andando juntos pela noite… Perdi as ilusões de vez, desculpe, amigo, mas tenho que desabafar, pronto, falei, danem-se vocês dois.
 
Como se alguém, homem ou mulher, precisasse do GPS da vida errada. Como se a vida fosse certa. Quem tiver a fórmula que mande ai nos comentários ou passe lá em casa.
 
Tem gente que atribui a um amigo ou amiga os desacertos do namorado, caso, cacho ou marido. Já me peguei, primariamente, nesta mesma onda, há muito tempo atrás.
 
Vociferei, agoniado, para o meu amor da época: “Depois que começaste a andar com essa vadia, só fizeste merda!”
 
Hoje rio de tal meninice.
 
Como se o teu desejo precisasse de outras belas e más intenções femininas. Lua cheia, viejo hombre, esquece, perdeste o controle.
 
O nome dela agora é autonomia. Dançaste.
 
As três coisas inevitáveis da natureza: água ladeira abaixo, fogo ribanceira arriba e mulher com vontade de dar… Não tem jeito.
 
Má companhia. Hahaha. Isso não existe. Coisas que botam nas nossas frontes e cabeças. Esqueça.
 
Só acredito nas influências literárias. E olhe lá. Mesmo assim nas influências dos escritores mortos. Só os mortos governam os ditos vivos.
 
Já me responsabilizaram muito por desvios de condutas dos seus cônjuges. Como se o meu atávico rapariguismo –do amor alentejano às raparigas- pudesse ser transmitido qual uma enfermidade.
 
Homem nenhum e mulher alguma influenciam outrem se o desejo latente já não fizer morada naquela perdida carcaça.
 
Ele(a) pode apenas não saber onde colocar o desejo, como na trilha de “A dama do lotação”, mas tal desejo ali, na espreita, aquele corpo ocupara de muito.
 
Sei não. Eu não acredito. E você, amigo(a), alguém é capaz de levar o nosso amor para o mau caminho?
 
Xico Sá

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