sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O cara que nunca sumiu das nossas vidas

Hoje eu não estou interessado em nenhuma teoria. Nem em coisas do oriente, romances astrais…
 
Quero apenas parabenizar o genial aniversariante do dia. Da maneira mais simples, quase num rondó de Bandeira, quase com uma redondilha, abaixo o migué da prosa jornalística.
 
O nome dele é tão comprido quanto a grandeza da sua música: Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, o Belchior, bigode que me faz sempre lembrar de outro ídolo, o cubano Bienvenido Granda de tantos boleros dominicais na casa paterna.
 
Não sei por onde andas, meu caro, tomara que ainda no Uruguai, essa nova ilha da utopia de Latino América. Pouco importa adonde andas, compay, só espero que estejas vivendo da melhor maneira possível a divina comédia humana.
 
A minha alucinação, amigo, bem sabes, é suportar o dia-a-dia, meu delírio é a experiência com coisas reais…
 
Que me desculpes por traduzir, com o filtro azulado do piegas, as tuas belas letras, é que aniversário, sabe como é, deixa a gente meio eternecido.
 
Lembrei até do meu primeiro porre, no balneário do Caldas, no vale do Cariri, Barbalha, ouvindo a ti e ao pessoal do Ceará ainda todo junto.
 
Éramos a molecada da rua Santa Luzia, Juazeiro, quase todo o time do Santa Cruz local celebrando um triunfo, o amigo Adailton que o diga.
 
Um deles, vejo aqui na polaroide amarelada, até já partiu desta, Deus te guarde Sullivan, meu velho e bom vizinho, o único que era mais Rolling Stones do que Beatles.
 
Há tempo, muito tempo, que eu estou longe de casa e nessas ilhas cheias de distância, o meu blusão de couro se estragou…
 
Parabéns, meu caro Belchior, menino de Sobral que escreveu, inclusive com o seu mítico e suposto sumiço, a biografia de todos os rapazes que partiram das pequenas cidades do Brasil.
 
 
Xico Sá
Fonte: Folha de S. Paulo

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