domingo, 20 de março de 2011

Idealismo

Foto W. Cieniu

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.


O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!


Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro -


E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!


Augusto dos Anjos

Um comentário:

Jairo Alves disse...

O amor que impera o mundo novo,
é o das larvas resvestidas;
Flertam-se as presas sem consolo,
e o desejo enforca-as compadescidas.

É que em todo gão de prudência,
mais vale a sobra por contraste;
Ou se rende a alma de decência
Ou se perde a carne quando amastes?

A face bafeja a vulúpia da desgraça,
Os olhos desbotam as fibras do caminho,
A liberdade comrrope-os por graça,
E ainda o amor, permanece sozinho?...