segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Com temperatura em alta, governo do Rio libera bermuda para professores em sala de aula


O verão ainda nem chegou ao Rio de Janeiro, mas com salas de aula lotadas e sem ar condicionado, a secretaria municipal de Educação resolveu permitir aos professores da rede pública o uso de bermudas. A medida passou a valer na última terça-feira (17), após decreto da secretaria Claudia Costin.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros da capital fluminense marcaram em média na última semana cerca de 37ºC. "Neste Rio 40 graus não dá para trabalhar de calça comprida, nem de vestido longo. Acho ótimo, desde que seja uma bermuda de acordo com o contexto. Não pode é usar bermuda de ir para a praia", opina a professora de português Iraídes Coelho.

De acordo com a medida municipal, não estão permitidos, entretanto, short de banho ou similares. Ainda assim, o professor de história Alexandre Sabenevides prefere seguir o que ele chama de um padrão de vestimenta para o profissional da área.

"No meu caso, eu sempre trabalhei de calça porque compõe como um uniforme. Muitas vezes isso é questão de tradição", afirma Sabenevides. "Por outro lado, tem professores que têm mente mais aberta, mais liberal, e aí a bermuda torna-se necessária para ele se sentir a vontade num verão tão forte como o nosso", afirma.

Opinião parecida tem a professora de geografia Sandy Barbosa. "Eu nunca dei aula de bermuda, mas eu acho que não há nenhum problema, desde que a bermuda seja comportada, vá até o joelho", diz.

Os pais dos alunos aprovaram a iniciativa. "Eu acho normal, o calor está demais mesmo. Todo mundo anda de bermuda, porque o professor não pode? Não tem ventilador, não tem nada na sala de aula, é bom que tenha essa medida", diz Valney Figueira, aposentado, pai de um estudante de um colégio de Copacabana, na zona sul.

"Acho que vai do comportamento do professor. Ele pode usar uma blusa até o pescoço, uma calça comprida, e não ter uma postura boa como professor. Então, para mim é indiferente", opina a cabeleireira Simone Campos, mãe de uma aluna da mesma escola.

Esta não é a primeira vez que professores da rede pública municipal são liberados para usarem roupa mais leve. Em 2003, o então prefeito Cesar Maia aprovou medida similar, que incluía servidores públicos, cobradores de ônibus e motoristas de táxi. Para este ano, além dos professores, o prefeito Eduardo Paes anunciou que a liberação continua para os mesmos profissionais.

Alunos "pegam no pé"

Se a medida é quase unânime entre professores e pais de alunos, entre os estudantes há discórdia. "Acho que todos os professores deveriam seguir as regras da escola e vir com uma roupa específica para o trabalho que ele faz. Acho que faz mal vir de bermuda, porque isso mostra que eles não entendem muito da matéria, não conseguem ensinar muito e só vai lá para marcar o ponto, e não para ensinar", diz Davi Dutra Monteiro, 13, aluno do ensino fundamental.

E não é só ele que tem essa opinião. "Tem que ser mais formal, pô. Mas aí vai de cada um, né?", fala Leonardo Cardoso, 15, do ensino médio. "Para mim deveria usar calça. Eles usando os alunos também vão usar, vão se espelhar neles e vir mais comportados. É um sinal de respeito", complementa Juliana da Silva, 16, também do ensino médio.

A professora de língua portuguesa Iraídes Coelho pondera. "Eles ainda estão se formando. A crítica ainda não está concluída. Tomara que quando conclua seja de uma maneira mais aberta, porque Rio de Janeiro, 40 graus, não dá para trabalhar na sala de aula toda vestida. Uma bermudinha cai bem."

"Pra mim não tem problema nenhum como professora, embora eu não goste de usar. Não altera em nada. Acho que nós temos problemas muito mais importantes, não é?", afirma Marta Ribeiro, professora de português.

Para o sindicato dos profissionais do Rio de Janeiro, é justamente esta a questão: tratar de outros problemas é mais importante do que qualquer tipo de polêmica.

"A maior parte dos professores já usava bermuda antes mesmo de virar regulamento. Mas eu acho que a prefeitura deveria se importar mais em garantir uma estrutura nas escolas para que alunos e professores não sofram com o calor. Não tem ar condicionado nas escolas, os ventiladores sempre estão quebrados, as salas entupidas de estudantes", explica Susana Gutierrez, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe).

Fonte:
André Naddeo
Do UOL Notícias
No Rio de Janeiro

Um comentário:

Unknown disse...

AGORA É QUE A COISA VAI ESQUENTAR ! (SERÁ QUE SE AUMENTAR A TEMPERATURA MAIS AINDA, ELES VÃO VIR DE CUECA ? AH,AH,AH...E AS PROFESSORAS COM A SAIA DA GEYSE ? AH.AH,AH...