terça-feira, 3 de junho de 2008

Projeto de pombalense leva conhecimento sobre Josué de Castro as escoas públicas

ANA KARLA FARIAS
DA REDAÇÃO Conhecimento sobre a realidade social do país e formação humana levados a estudantes de escolas públicas municipais e estaduais da zona urbana. Trata-se do Projeto de Extensão sobre Josué de Castro da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), coordenado pelo professor Romero Cardoso, juntamente com o professor e subcoordenador do projeto, Benedito Vasconcelos Mendes. O objetivo do projeto consiste em consolidar a cidadania através das discussões sobre o pensamento pregado por Josué de Castro acerca da problemática da fome e luta para se conquistar uma situação digna a todos e pacífica.

O projeto foi aprovado pela comissão julgadora da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da Uern, em abril. Por meio de palestras e exibição do documentário do cineasta Sílvio Tendler, que retrata a história de Josué de Castro, estudantes da rede pública municipal e estadual de ensino se aproximam da vida e dos ensinamentos do autor de Geografia da Fome e Geopolítica da fome, obras mais conhecidas do intelectual. O autor tornou-se personalidade reconhecida no cenário mundial em virtude de suas teorias sobre a manifestação de uma dura expressão do subdesenvolvimento: a fome. Josué de Castro também deixou lições de engajamento ideológico em sua própria realidade e história de vida.
Segundo o coordenador do projeto, professor Romero Cardoso, a opção em abordar a história do autor, é baseada na contribuição humana e social deixada por Josué de Castro. "Ele foi o mais brilhante cientista brasileiro. Sempre que a Organização das Nações Unidas (ONU) se reunia, ele era peça indispensável para discutir questões humanitárias.
Ele está sendo retratado para ressaltar lições de cidadania e descobrir subterfúgios do poder, consolidado na temática da fome e o reconhecimento da exploração com origem histórica", afirma Romero Cardoso.

Ainda de acordo com ele, o projeto de extensão marca a participação da Uern na comemoração do centenário de nascimento do cientista pernambucano que conquistou respeito mundial, mas que ainda é pouco conhecido no Brasil.

Apesar do reconhecimento exterior da importância de Josué de Castro, engajado na tentativa de criar uma teoria explicativa para a triste realidade do subdesenvolvimento, da pobreza, da miséria, ele ainda é ignorado no Brasil. Segundo Romero Cardoso, na própria escola, são poucos os que o conhecem. "Na escola, estudantes e professores ficaram impressionados, eles não conheciam Josué de Castro. Nunca ouviram falar. Na verdade, a ditadura militar tentou excluí-lo e escamoteá-lo", declara o professor e coordenador do projeto.

O cronograma de visitas às escolas contempladas pelo projeto, sete municipais e sete estaduais, foi iniciado no dia 27 de maio de 2008, com professores e alunos do ensino fundamental do Colégio Evangélico Leôncio José de Santana. A previsão é de que o projeto se estenda até outubro deste ano.
QUEM FOI JOSUÉ DE CASTRO -Em 1964, aos 56 anos, o então embaixador do Brasil junto aos Órgãos das Nações Unidas, em Genebra, Josué de Castro, teve seus direitos Políticos cassados. lnterrompia-se, pelo arbítrio, a profícua atividade intelectual do humilde médico brasileiro que, aos 21 anos, iniciara sua atividade clinicando na Cidade do Recife e chegara a representante do Governo de seu País. Longa foi a caminhada deste inconformado nordestino que se tornou mundialmente conhecido por seus livros, cargos que ocupou, funções que desempenhou, organismos que criou e aulas que ministrou, no Brasil e no Exterior.

Entretanto, o que mais o notabilizou foi, sem dúvida, a eleição de um tema até por ele mesmo considerado bastante delicado e perigoso, a fome. E foi contra ela, em toda a sua extensão e manifestações, que travou o bom combate de sua vida.

A publicação, em 1946, da primeira edição de Geografia da Fome, seu mais conhecido livro já traduzido em 25 idiomas, assinala o início das denúncias que pretendeu levar, a seus patrícios e ao mundo, acerca desse grave flagelo que, ainda hoje, assola a humanidade. Seguiram-se a Geopolítica da Fome e outros livros que terminaram por identificar o autor com o tema central de suas obras. No exílio a despeito dos muitos convites que recebeu de diferentes países, escolheu para morar a França. Criou o Centro Internacional de Desenvolvimento e voltou a lecionar Geografia Humana, na Universidade de Paris, até sua morte, em 1973, dez anos depois.


Fonte: Jornal Gazeta do Oeste - Domingo, 1º de Junho de 2008. Disponível em .<>.

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