sábado, 21 de maio de 2022

8 de maio: Celso Furtado e o fim da Segunda Guerra Mundial

 

Há 77 anos os Aliados comemoraram a vitória na Segunda Guerra. Nesse dia Celso Furtado estava na Toscana como segundo-tenente da Força Expedicionária Brasileira. 
 
Anos depois ele escreveu num diário:
 
"Quando correu a notícia do término da guerra na Europa eu estava num acampamento da FEB num bosque na Toscana. No dia da capitulação da Alemanha os americanos exibiram para nós, brasileiros, um documentário sobre os campos de concentração dos nazistas. Eu nunca havia imaginado que o comportamento humano pudesse descer àqueles níveis de abjeção. Foi uma dura lição do mal que pode fazer um povo civilizado quando ensandecido pelos ódios políticos e sociais." 
 
Celso embarcou no “General Meigs”, junto com seis mil soldados. Quando chegaram a Nápoles, Roma já tinha sido libertada e a linha de frente se situava no rio Arno. Passou boa parte da guerra na Toscana. Durante a ofensiva final dos Aliados, no norte da Itália, sofreu um acidente sério. Em setembro de 1945 retornou ao Brasil, e foi cuidar da vida. Não gostava de falar da guerra. As duas medalhas de campanha que ganhou -- as únicas a que dava algum valor -- lhe foram cassadas, sem que ele soubesse, quando foi privado de direitos políticos pelo golpe de 1964.
 
Pois é, quase oitenta anos depois, a guerra novamente mostra a sua cara mais cruel num país europeu. E "povos civilizados" podem deixar de sê-lo.
 
Para quem se interessar, publiquei várias cartas de Celso enviadas a família e amigos durante a guerra, bem como páginas de um diário e textos escritos à época sobre essa experiência. Estão em dois livros: “Anos de formação, 1938-1948. O jornalismo, o serviço público, a guerra, o doutorado”(Contraponto Editora) e "Diários Intermitentes", que publiquei em 2019 pela Companhia das Letras.
 
Rosa Freire d'Aguiar

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