O sertanejo vive hoje, provavelmente, a pior seca dos últimos 50 anos. Aos poucos, a inclemência da fome vai amainando as suas forças, açoitando a sua resistência, dizimando o seu gado, transformando a paisagem do sertão num amontoado de ossos insepultos a beira das estradas, expondo de forma cruel o último grito de esperança que lhe sobra.
À beira dos caminhos, povoados de cruzes e de desassossego testemunham a luta do homem nordestino contra a falta de políticas públicas enquanto o céu parece colorir a caatinga na tonalidade cinza de toda desesperança. Urubus planam no infinito. Pontos negros anunciando a morte.
O asfalto parece tremer a minha frente numa sofreguidão somente explicada pelo calor do sol.
Carros-pipas cruzam o meu caminho, beija-flores motorizados conduzindo água para o inferno.
Nenhuma alma viva vejo pela janela de meu carro. Por um momento penso estar cruzando uma interminável e grande "coivara" de solidão.
O único traço de civilização no meu destino, surge na PB 306, entre as cidades de Teixeira-PB e Maturéia-PB: num castigado português, esquecida a ermo, numa porteira que não leva a lugar algum, escrita por quem sabe deus, leio a perspectiva da suposta existência do "Bar da Pomonha".
Entre Farol, Poesia e Vagalumes, Teófilo Júnior

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