quinta-feira, 30 de julho de 2020

Foi cedo demais

Quando as palavras não dizem tudo eis que surge o silêncio como expressão. Quando o silêncio também teima em nada dizer, o que nos resta é uma vontade incontida de chorar. Ainda bem que Deus também criou as lágrimas como expressão.

Há pessoas que aportam em nossa vida feito barquinho de papel navegando em riacho doce e, quando menos se espera, aproxima-se calmo, silenciosamente. Sem vexame, baixa âncora e tornam-se pinturas azuis colorindo o nosso céu. Foi nessa atmosfera que encontrei José Camilo de Queiroz Júnior em minha vida, o nosso querido “Juninho”, amigo de infância, sorriso largo, braços sempre dispostos ao encontro do abraço. Não lembro-me de tê-lo visto triste ou irritado, não havia espaço em seu coração para coisas menores.

Foi um homem grande na mais ampla acepção da palavra. Custa-me caro essa despedida. Prefiro não fazê-la, não escrever mais nada, parar por aqui. Amanhã, “Juninho”, nos encontraremos para podermos dizer, entre sorrisos, que a morte perdeu o jogo e foi um grande engano em sua vida, meu amigo!. 

Resta-me ainda dizer que é tão estranho... Os bons morrem jovens. Pessoas boas morrem cedo. Você foi embora cedo demais. Eu sei que o tempo passa, as pessoas passam. Não é sempre, mas eu sei. Sei que "há momentos em que o tempo se detém de repente para dar lugar à eternidade". Sei também que você está bem agora. Só que este ano eu sei que a primavera não chegou. Ela não vem. Acabou cedo demais!

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