segunda-feira, 12 de maio de 2014

Quem foi o paraibano e pombalense Manuel Arruda Câmara

 
 
Nasceu no ano de 1752, na cidade de Pombal, sertão da Paraíba. Provinha de família de cristãos novos (judeus convertidos), e fez seus estudos preliminares na cidade de Goiana, Pernambuco. Em 23 de novembro de 1773, foi ordenado padre pela ordem dos Carmelitas Calçados, no seminário desta cidade, adotando o nome de Frei Manuel do Coração de Jesus. Estudou na Universidade de Coimbra, em Portugal, formando-se em Filosofia Natural; e em Montpellier, na França, onde recebeu o grau de doutor em Medicina. Era membro da Academia de Medicina de Montpellier e da Sociedade de Agricultura de Paris. Idealista e de espírito revolucionário, em Paris Arruda Câmara identificou-se com o pensamento de Voltaire, Diderot, Montesquieu, Immanuel Kant e de Rousseau e, animado com o sucesso da Revolução Francesa de 1789, quando voltou ao Brasil, em 1793, não se conformou com o quadro de injustiça social reinante e apressou-se em trabalhar em favor dos mais humildes. Realizou diversos levantamentos naturais na região nordeste do Brasil: entre março de 1794 e setembro de 1795, fez uma expedição mineralógica entre Pernambuco e Piauí; e entre os anos de 1797 e 1799, viajou ao Rio São Francisco, Paraíba e Ceará, também levantando a ocorrência de minerais.

Fundou o Areópago de Itambé, Sociedade Maçônica que abrigava intelectuais da Paraíba e de Pernambuco, e onde foi tramada a revolução republicana pernambucana de 1817, com idéias avançadas, inspiradas no ideário dos revolucionários franceses de liberté, igalité e fraternité, De pensamento iluminista, preconizavam que: o conhecimento racional e científico da natureza tenderia a identificar as leis que regem a organização da sociedade; as ciências deveriam ser desenvolvidas mediante a aplicação de métodos experimentais; o homem deveria desfrutar de maior liberdade, sem o controle de uma monarquia absolutista; e, finalmente, que a educação do povo não deveria estar condicionada aos dogmas religiosos, que, ao se limitarem aos escaninhos da fé, impediam ou delimitavam o alcance da razão.. Eram idéias profundamente subversivas para a época, já que combatiam a intolerância e os abusos tanto da igreja quanto da monarquia.

O Padre Arruda Câmara foi talvez, no Brasil, um dos precursores da ala progressista da igreja. Dedicou-se ao estudo da botânica, estando entre os mais importantes naturalistas da sua época. O naturalista francês Geoffroy Saint- Hilaire, homenageou-o ao dedicar-lhe um gênero de plantas na sua classificação: “arrudea”.

ARRUDA CÂMARA classificou a flora paraibana e produziu inúmeros trabalhos científicos sobre botânica, zoologia e mineralogia. Algumas produções de Arruda Câmara podem ser encontradas na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A Paraíba lhe fez homenagem, dando seu nome a um parque zoobotânico em uma grande reserva florestal existente no centro da capital, a conhecida “Bica”. É patrono da cadeira nº 2 da Academia Paraibana de Letras.
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O sonho dos sócios do Areópago era tão alto que chegaram a negociar com os Estados Unidos a retirada de Napoleão Bonaparte da ilha de Santa Helena, dando-lhe pouso seguro em Fernando de Noronha. Em agosto de 1980, o Grande Oriente Independente de Pernambuco prestou uma homenagem à história ao reinstalar o Areópago de Itambé, inaugurando uma Loja Maçônica com nome de Manuel Arruda Câmara.

Manuel de Arruda Câmara faleceu em Itamaracá-PE, no dia 02 de outubro de 1810. O seu corpo foi sepultado na igreja do Carmo, em Recife.

OBRAS DE MANUEL de ARRUDA CÂMARA:

• Disquisitiones quaedam physiologico-chemicae, de influentia oxigenii in oeconomia animali…, Montpellier, Joannem Martel nato Majorem, 1791.
• Aviso aos lavradores sobre a suposta fermentação de qualquer qualidade de grãos ou pevides para aumento da colheita, Lisboa, 1792;
• A memória sobre a cultura do algodoeiro e sobre o método de o escolher e ensacar, 1797;
• Dissertação sobre as plantas do Brasil, 1817;
• Discurso sobre a vitalidade da instituição de jardins nas principais províncias do país, 1810;
• Memórias sobre o algodão de Pernambuco, Lisboa, 1810;
• Memórias sobre as plantas de que se podem fazer baunilha no Brasil, (nas memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa, v.40, 1814);
• Tratado de Agricultura;Tratado da lógica: em José Antônio Gonçalves de Mello, Manuel Arruda da Câmara. Obras reunidas. Recife, Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1982.
 
 
Fonte e créditos: www.hospitaldocoração.com.br
 
 

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