quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Virgindade ainda em voga em pleno 2012

Louco que ainda exista esse fetiche todo acerca da virgindade, não é?
 
 
Repare no caso dessa mocinha Catarina (na foto), 20, do estado da santa homônima. Sim, a que está leiloando a virgindade pela internet.
 
O lance faz parte de um documentário de um cineasta australiano. Leia detalhes aqui.
 
Ela já recebeu ofertas de até US$ 155 mil.
 
Tem um homem na parada também: Alexander Stepanov, 21, igualmente virgem e também em leilão na rede. O donzelo é russo e tem sido bem disputado.
 
 
No meu tempo não tinha essa moleza toda. A gente é que pagava, nas casas da luz vermelha, para tirarem nosso selo de virgindade. “Para tirar o queijo”, como se diz em alguns lugares do Nordeste.
 
 
Mas o que interessa aqui é a catarinense. Uma fofa, uma linda. Para completar, moça sábia e romântica, com a filosofia de Henry Thoreau como mantra:
 
“A opinião alheia é um fraco tirano se comparada com a nossa opinião sobre nós mesmos”, citou.
 
 
A transa com o vencedor do leilão será nos ares, durante um voo, como a cena clássica do filme Emanoelle no avião.
 
 
O caso me fez lembrar de Ana Paula, que em 1991 rifou seu corpo, em Juazeiro do Norte. Objetivo: ir para São Paulo.
 
 
O cordelista Abraão Batista, um dos melhores do país, assim narrou o episódio: “Botou o corpo na rifa,/ pra uma noite no motel;/ com isso a rapaziada/ ficou como mosca no mel;/ dizem que entrou na rifa/ de menor a bacharel”.
 
 
Um mecânico foi o sorteado. Como não pagou o bilhete antes da corrida, conforme prometido, não teve direito ao prêmio. Sorte da moça.
 
 
O enredo acabou inspirando um curta de ficção, o “Rifa-me”, com roteiro de Simone Oliveira Lima e direção de Karim Aïnouz.
 
 
Em 2006, o mesmo diretor cearense lançou “O céu de Suely”, filmaço que usa um mote parecido com o da mulher rifada.
 
 
Voltemos à virgem Catarina. O leilão moderno, com lances virtuais e ritmo de Big Brother, não passa de um repeteco dos antigos leilões realizados nos lupanares Brasil afora. Maluquice sem fim, amigo, o eterno retorno da história.
 
 
Como diz o título do livro do Allan Sieber, assim rasteja a humanidade. Com todo respeito.
 
 
Xico Sá

Um comentário:

Jairo Alves disse...

Virgindade voga

O que não se voga
é a plena vergonha
Que falta, que troca
Sentimento por perçonha.

O que não se preza
mais, é a seriedade;
vendendo o corpo a presa
que compra a impunidade.

O que não se voga mais
é o amor, a alma, o nome;
Vivem de orgias, do cais
Que importa terem sobrenome?

O amor nunca se nega
E a alma sempre ama;
mas a infidelidade prega
A sua prática inflama.

Mas quem nasce serio,
E a sua casa, considera,
Não entra em adultério
Porque a justiça lidera

O que estamos vendo
é o que abomina a nação;
São as filhas se vendendo
e aos pais, que preço dão?...