segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Resoluções para 2022

 (foto: "D. Quixote e os Moinhos Elétricos", by BT)


Tornar menos desfocadas as letras dos livros e as legendas dos filmes.
 
Adquirir um robô da Boston Dynamics para trazer do supermercado refrigerante, mineral, cerveja, vinho, suco.
 
Avistar um OVNI e não perceber do que se trata.
 
Inventar um novo esquema de rimas para o soneto.

Criar um sistema industrial de aproveitamento das fibras do coco verde.
 
Anagramatizar em português um poema de Pablo Neruda, um de Arthur Rimbaud e um de W. H. Auden.
 
Juntar todo meu dinheiro e montar uma agência de banco, para viver de juros.
 
Já que estou sem aparelho de som na sala, comprar pelo menos uma luz estroboscópica!
 
Beber como se não houvesse amanhã (e aí é que não vai haver mesmo).
 
Escrever um romance onde todos os personagens masculinos têm os nomes de ex-jogadores do Treze, e ver quantos anos leva até alguém perceber.
 
Abrir o restante das caixas da mudança de dois anos atrás.
 
Fotografar a parte inferior do meu rosto e imprimi-la em uma dúzia de máscaras.
 
Enviar pedidos-de-desculpa telepáticos para todo mundo, e dormir em paz.
 
Visitar os cinco Estados brasileiros que me falta conhecer.
 
Caminhar dez voltas em torno do Maracanã toda vez que for dia de jogo.
 
Doar minha biblioteca a dez instituições culturais diferentes, e entregá-la a quem chegar primeiro.
 
Aprender a me portar como um cavalheiro.
 
Raspar a cabeça e tatuar um labirinto.
 
Trocar as cordas do violão (vamos e venhamos, dois anos é demais).
 
Comemorar o centenário da Semana de Arte Moderna repetindo seus eventos, e chamando-a de Semana de Arte Antiga.
 
Visitar livrarias discretamente e autografar cada exemplar de livro meu que houver por lá.
 
Assistir a pelo menos uma peça no teatro, um show no bar, um filme no cinema.
 
Mandar pintar um retrato meu     a óleo, todo velho, deformado, cheio de feridas, e escondê-lo no sótão.
 
Capturar os pássaros que pousarem na janela, escrever um poema em suas asas, e soltá-los.
 
Aproveitar o carnaval para ler Mikhail Bakhtin.
 
Amarrar o boi no pé da cajarana (por via das dúvidas).
 
Passar as minhas noites fugindo do inferno, dançando no escuro, subindo por onde se desce, cantando na chuva, brincando nos campos do Senhor.

 

Bráulio Tavares 

Mundo Fantasmo
 

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