sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

As épocas são mais inteligentes ou menos inteligentes. 
Mais sóbrias ou menos nobres, 
românticas ou cínicas, 
perversas ou heroicas, etc. etc. 
Nos coube por fatalidade uma das épocas débeis mentais
 e das mais espantosas da história. 
Há uma debilidade mental difusa, 
volatizada, atmosférica. 
Nós a respiramos.
 Isso aqui e em todos os idiomas. 
É um fenômeno internacional tão nítido,
 tão profundo, que não cabe nenhuma dúvida,
 não cabe nenhum sofisma.
E acontece, então, esta coisa nunca vista: 
Todos agem e reagem como imbecis. 
Não que o sejam, absolutamente. 
Muitos são inteligentes, sábios, clarividentes; 
e tem um nobilíssimo caráter,
 e uma fina sensibilidade,
 e uma alma de superior qualidade. 
Mas num mundo de débeis mentais, 
temos de imitá-los. 
Não sei se me entendem.
 Mas para viver, para sobreviver,
 para coexistir com os demais, 
o sujeito precisa ir ao fundo do quintal 
e lá enterrar todo o seu íntimo tesouro.
 
Nelson Rodrigues 

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