"Desculpe, foi o senhor que telefonou para que eu viesse amputar a sua perna?
"Eu? O que é isso? Nem sonhando!"
"Mas o senhor se chama Dante del Torro, não é? Faz meia-hora, um fulano me telefonou para que viesse alguém que lhe cortasse uma perna."
"Eu não telefonei. Deve ser outro Dante del Torro."
"Não, não... O endereço que me deram foi este. E neste endereço só há um Dante del Torro, que é o senhor. Um parente seu deve ter telefonado."
"Impossível. Hortênsia, por acaso você telefonou para que viessem cortar a minha perna?"
"Eu, não. Telefonei para o mercadinho pedindo que mandasse marmelada."
"Aí está, viu? Se o senhor tiver um doce de marmelada..."
"Como posso ter um doce de marmelada? Eu trouxe uma serra, pois quem me telefonou me pediu que trouxesse a serra, uma vez que na casa não existia uma serra."
"Engana-se. Eu tenho uma serra."
"Mas é evidente que a sua não deve servir para cortar uma perna."
"Como não? É igual a sua."
"Mas se é igual a minha, por que me levaram ao incômodo de trazer outra serra?"
"Ó Dante, deixa de discussão, homem de Deus. Deixa logo cortar esta maldita perna, mande-o embora e acabe logo com isso."
"Desculpa, Hortênsia, mas por que haverei eu de mandar cortar a minha perna quando não fui eu que telefonei? Tenho ou não tenho razão?"
"O senhor tem razão. Mas o que é que eu faço agora? Alguém telefona, eu compro uma serra nova, gasto meu dinheiro, venho até aqui e acabo perdendo o meu dia a troco de nada. O senhor também deve me compreender..."
"Bem, com boa vontade sempre se pode encontrar uma maneira de se chegar a um acordo. Tampouco ele, coitado, tem culpa. Escuta, Dante, você devia de algum modo concordar com ele. Por que não deixa que ele ampute um dedo seu?"
"Epa! Pára lá!, minha senhora: um dedo não é o suficiente!"
"Antes isso de que nada. Compreenda: é apenas para agradá-lo, porque eu poderia mandá-lo embora de mãos abanando, mesmo porque não fui eu quem o chamou.
"Bem, nesse caso, dois dedos."
"Ou um ou nada."
"Está bem, como quiser. Mas nesse caso, precisa que seja um polegar."
"Vá lá, vá lá... Que seja o polegar, já que me coloca nesta posição, está bem? E que seja esta a última vez, ouviu? Da próxima vez me telefone de volta para confirmar a chamada... Se o senhor não fosse um cara tão simpático... Pode... Ai!... porc... ahhh....vá aos poucos, isso, aos pouquinhos... Uuuuh!"
"Eu? O que é isso? Nem sonhando!"
"Mas o senhor se chama Dante del Torro, não é? Faz meia-hora, um fulano me telefonou para que viesse alguém que lhe cortasse uma perna."
"Eu não telefonei. Deve ser outro Dante del Torro."
"Não, não... O endereço que me deram foi este. E neste endereço só há um Dante del Torro, que é o senhor. Um parente seu deve ter telefonado."
"Impossível. Hortênsia, por acaso você telefonou para que viessem cortar a minha perna?"
"Eu, não. Telefonei para o mercadinho pedindo que mandasse marmelada."
"Aí está, viu? Se o senhor tiver um doce de marmelada..."
"Como posso ter um doce de marmelada? Eu trouxe uma serra, pois quem me telefonou me pediu que trouxesse a serra, uma vez que na casa não existia uma serra."
"Engana-se. Eu tenho uma serra."
"Mas é evidente que a sua não deve servir para cortar uma perna."
"Como não? É igual a sua."
"Mas se é igual a minha, por que me levaram ao incômodo de trazer outra serra?"
"Ó Dante, deixa de discussão, homem de Deus. Deixa logo cortar esta maldita perna, mande-o embora e acabe logo com isso."
"Desculpa, Hortênsia, mas por que haverei eu de mandar cortar a minha perna quando não fui eu que telefonei? Tenho ou não tenho razão?"
"O senhor tem razão. Mas o que é que eu faço agora? Alguém telefona, eu compro uma serra nova, gasto meu dinheiro, venho até aqui e acabo perdendo o meu dia a troco de nada. O senhor também deve me compreender..."
"Bem, com boa vontade sempre se pode encontrar uma maneira de se chegar a um acordo. Tampouco ele, coitado, tem culpa. Escuta, Dante, você devia de algum modo concordar com ele. Por que não deixa que ele ampute um dedo seu?"
"Epa! Pára lá!, minha senhora: um dedo não é o suficiente!"
"Antes isso de que nada. Compreenda: é apenas para agradá-lo, porque eu poderia mandá-lo embora de mãos abanando, mesmo porque não fui eu quem o chamou.
"Bem, nesse caso, dois dedos."
"Ou um ou nada."
"Está bem, como quiser. Mas nesse caso, precisa que seja um polegar."
"Vá lá, vá lá... Que seja o polegar, já que me coloca nesta posição, está bem? E que seja esta a última vez, ouviu? Da próxima vez me telefone de volta para confirmar a chamada... Se o senhor não fosse um cara tão simpático... Pode... Ai!... porc... ahhh....vá aos poucos, isso, aos pouquinhos... Uuuuh!"
Carlo Manzoni
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