A introdução ao artigo é do Jornal GGN:
No artigo “A complicação como método ideológico”, reproduzido integralmente abaixo (http://migre.me/tZaOm) o autor diz que “a Verdade está sempre associada à luz, ao desatar de nós e à contemplação imparcial”.
No entanto, “a marca histórica da
esquerda é a falta de clareza. Claro, pois para justificar um sistema de
crenças que não funciona, é esperado que as assertivas não pudessem ser
facilmente analisadas ou refutadas, esperando-se do discípulo apenas a
fé no que o mestre diz”.
O autor lista como “disciplinas
típicas da esquerda” a Sociologia e a História. Para ele, a filosofia,
como ciência, visou “implantar o socialista, associado à ideia marxista
(…) (dizimando) os sistemas de crenças concorrentes”, como o
Cristianismo e a ideia de Verdade.
Da Filosofia, o autor apontou seu dedo acusador para a Física.
Sobram bordoadas na física
newtoniana, que “é, para quem quer confundir, excessivamente exata,
matemática e previsível. São objetos em movimento no universo, seguindo
leis já mapeadas”.
Mas a borduna se volta, mesmo é para
a física quântica que, “através de extrapolações indevidas de
descobertas de cientistas como Einstein, Heisenberg, Schrödinger, Planck
e outros, ganhou a fama de ser o ramo científico onde “tudo pode”.
Estar em dois lugares ao mesmo tempo, ser e não ser, teletransporte,
telepatia, o mundo como um sonho, o nada que é tudo, enfim, uma espécie
de “liberou geral” da ciência, contrário à física newtoniana, e que
certamente não seria autorizado pelos físicos quânticos, os quais eram
sérios”.
E aí, a grande constatação: Por que o interesse da esquerda na física quântica?
E explica: “Porque “harmoniza” com o
uso de drogas, com a ideia de que o indivíduo é uma ilusão, criando uma
justificativa racional para a irresponsabilidade e o ateísmo. Ambos os
resultados bem úteis e “capitalizados” pelo movimento revolucionário”.
A Complicação como Método Ideológico
Por Lucas de Moura Lima
Todas as coisas, se postas à luz,
distribuídas com equilíbrio e observadas de forma serena,
apresentar-se-ão tais quais são, ao menos com o máximo de verdade que se
pode obter numa esfera humana. A Verdade está sempre associada à luz,
ao desatar de nós e à contemplação imparcial.
Dito isto, e usando este critério, todo
sistema de ideias que seja simples, claro e objetivo, está do lado da
Verdade, ou ao menos se pode dizer que está “no caminho certo”. E, por
outro lado, todo sistema que seja confuso, hermético e complicado, tende
a estar do lado da Mentira.
A marca histórica da esquerda é a falta
de clareza. Claro, pois para justificar um sistema de crenças que não
funciona, é esperado que as assertivas não pudessem ser facilmente
analisadas ou refutadas, esperando-se do discípulo apenas a fé no que o
mestre diz. Assim, não só disciplinas típicas da esquerda,
como a Sociologia e a História, mas todas as outras são absorvidas em
seu aspecto heterodoxo, para ser útil à agenda esquerdista.
Vejamos alguns exemplos de complicações oportunas:
- Filosofia
Tendo o objetivo final de implantar o
socialismo, associado à ideologia marxista, é necessário primeiramente, a
quem busca isto, dizimar os sistemas de crenças concorrentes. O
Cristianismo, a ideia de Verdade, o conceito de indivíduo, de
responsabilidade, família e outros ligados à tradição e com matizes
conservadores, devem ser postos em contradição, desacreditados, deixando
a todos sem um sistema de crenças, perdidos, para, em seguida, ser
vendida a solução socialista. O povo desesperado e atomizado não terá
escolha senão amar o Grande Irmão, como em 1984, de George Orwell.
Um time de filósofos se empenhou, alguns
talvez inconscientemente, nessa missão. Cito como exemplos a Escola de
Frankfurt, tendo como representantes ilustres Adorno, Horkheimer e
Habermas, retomando Marx, Hegel e outros anteriores, agora em termos
mais atuais e adequados à nova geração. A França contribuiu bastante,
com Sartre, Foucault, Derrida, Deleuze, Guattari e outros. As obras
Pensadores da Nova Esquerda, de Roger Scruton, e Imposturas
Intelectuais, de Sokal, dão conta de explicar o fenômeno.
Dada a competência literária de alguns
desses filósofos, como Foucault e Deleuze, o que temos é um desfile de
conceitos imprecisos, conclusões ilógicas e projeção de vivências
impossíveis, ao lado da beleza da escrita, da menção apaixonada de
passagens literárias, cinematográficas e filosóficas, com grande
pirotecnia erudita e mistura de fatos e sentenças verdadeiras no caldo
mentiroso da teoria. O poder de sedução é real, fisgando o leitor
incauto.
- Física
A física tradicional newtoniana é, para
quem quer confundir, excessivamente exata, matemática e previsível. São
objetos em movimento no universo, seguindo leis já mapeadas.
O interesse se volta, portanto, para a
física quântica e ramos associados. A física quântica, através de
extrapolações indevidas de descobertas de cientistas como Einstein,
Heisenberg, Schrödinger, Planck e outros, ganhou a fama de ser o ramo
científico onde “tudo pode”. Estar em dois lugares ao mesmo tempo, ser e
não ser, teletransporte, telepatia, o mundo como um sonho, o nada que é
tudo, enfim, uma espécie de “liberou geral” da ciência, contrário à
física newtoniana, e que certamente não seria autorizado pelos físicos
quânticos, os quais eram sérios.
E por que o interesse da
esquerda na física quântica? Porque “harmoniza” com o uso de drogas, com
a ideia de que o indivíduo é uma ilusão, criando uma justificativa
racional para a irresponsabilidade e o ateísmo. Ambos os resultados bem úteis e “capitalizados” pelo movimento revolucionário.
- Estatística
A Estatística pode justificar
virtualmente qualquer coisa e esconder a verdade, ao invés de trazer
esta à luz. O tratamento estatístico dos dados, contrariamente ao uso
atual, foi concebido para mensurar a incerteza do mundo e organizar as
probabilidades dos eventos de forma elucidativa, permitindo induções.
A obscuridade vem de não sabermos
exatamente, na enxurrada de informações, de onde vêm as tabelas, as
conclusões, quais os métodos usados pelo IBGE etc. Dizem disponibilizar,
mas não é simples achar. E se sabe da ingerência em órgãos de
estatística por governos autoritários, como constatado pela revista The
Economist, em relação à Argentina, no artigo Wrong Numbers (2013).
Na televisão, usa-se o dado, por
exemplo, em relação: 1) ao mês passado 2) ao mesmo período do ano
passado 3) ao desenvolvimento no trimestre 4) ao acumulado no ano 5) à
série histórica dos últimos 3, ou 5, ou 10 anos. Isto dependendo do que
se quer provar e do interesse de dar informação “positiva” ou
“negativa”. Parte-se do resultado para a pergunta, quando deveria ser o
contrário.
- Economia
É notória a prolixidade dos textos de
economistas keynesianos ou de cunho intervencionista. A matemática
intrincada preenche as lacunas racionais, criando nos leitores a
sensação de que quem escreveu aquilo “sabe o que está fazendo” e o
entendimento, um tanto caipira, de confiar em alguém que fala algo
difícil, como se fosse verdade. Questionar tais equações levaria o aluno
ou cidadão a ser alvo de um riso de superioridade do economista.
O resultado todos conhecem bem, em
especial no Brasil: aumento do gasto público e desenvolvimentismo. Todas
aquelas elegantes variáveis dispostas num arranjo indecifrável levam ao
populismo. Claro, contas devem ser feitas, mas podem muito bem ser
claras e resumidas. De nada adianta termos derivadas e integrais, se não
sabemos somar, fato que se infere das propostas legislativas
irracionais e déficit fiscal insolúvel.
A grande qualidade da Escola Austríaca
foi retomar a “simplicidade” dos primeiros economistas liberais, os
quais, em grande parte, eram também filósofos. O autor de Riqueza das
Nações, Adam Smith, um dos pais do liberalismo clássico, por exemplo,
foi também autor de Teoria dos Sentimentos Morais.
O alerta de Hayek em Desemprego e
Política Monetária permanece atual. Expressa que prefere “o conhecimento
imperfeito, mas verdadeiro – mesmo que ele traga, necessariamente,
considerável dose de indeterminação e incapacidade de previsão – a um
pretenso conhecimento exato, mas provavelmente falso”. Bertrand Russell
também nos diz na obra Os Problemas da Filosofia que “as verdades da
lógica e da matemática têm (grosso modo) menos evidência à medida que se
tornam mais complexas”.
O Ocidente começa com a simplicidade das
perguntas de Sócrates, que pedia que “os que sabem” dissessem o que, de
fato, sabem. Devemos retomar isto. Quando um filósofo, estatístico,
físico ou economista disser algo impenetrável e sem sentido, devemos
dizer “não entendi, explique melhor”. Sem medo do ridículo, o que
causará pânico entre os esquerdistas. Estejam alertas!
* Lucas de Moura Lima é formado em Administração de Empresas, especializado em Produtos Financeiros e Gestão de Risco
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