É o que o homem pensa durante anos,
enquanto envelhece. Já está perto dos 50 e a pergunta ainda martela.
Um dia ele vai amadurecer.
Quando um homem descobre que não é
necessário escovar os dentes com tanta rapidez, tenha certeza, ele
virou um homem maduro. Só sendo mesmo muito imaturo para escovar os
dentes com tanta pressa.
E o amarrar do sapato pode ser mais
tranqüilo, arrumando-se uma posição menos incômoda, acertando as
pontas.
O homem maduro broxa! Não broxar é
prova inequívoca de imaturidade.
O homem maduro sabe, como nunca, que
as preliminares são muito mais interessantes que as penetrações
profundas.
Não sente culpa de nada. Mas, se
sente, sofre como nunca. Mas já é capaz de assistir à sessão da
tarde sem a culpa a lhe desviar a atenção.
É um homem mais bonito, não resta a
menor dúvida.
Homem maduro não bebe, vai à praia.
Não malha: a malhação denota toda a
imaturidade de quem a faz. Curtir o corpo é ligeiramente imaturo.
Nada como a maturidade para perceber
que os intelectuais de esquerda estão, finalmente, acabando. Restam
uns cinco.
Sorri tranqüilo quando pensa que a
pressa é coisa daqueles imaturos.
O homem maduro gosta de mulheres
imaturas. Fazer o quê?
Muda muito de opinião. Essa coisa de
ter sempre a mesma opinião, ele já foi assim.
De vez em quando, amadurece uma
espinha na bunda do homem maduro.
Se ninguém segurar, é capaz do homem
maduro ficar com mania de apagar as luzes da casa.
O homem maduro faz palavras
cruzadas!
Se você observar bem, ele começa a
implicar com horários.
A maturidade faz com que ele não possa
mais fazer algumas coisas. Se pega pensando: sou um homem maduro. Um
homem maduro não pode fazer isso.
O homem maduro começa, pouco a pouco,
a se irritar com as pessoas imaturas.
Depois de um tempo, percebe que está
começando é a sentir inveja dos imaturos.
Será que os imaturos são mais
felizes?, pensa, enquanto começa a escovar os dentes depressa, mais
depressa, mais depressa ainda.
O homem maduro é de uma imaturidade a
toda prova.
Meu Deus, o que será de nós, os
maduros?
Mário Prata
O texto acima foi extraído do livro "Minhas tudo", Editora Objetiva Ltda - Rio de Janeiro, 2001, pág. 99.
Nenhum comentário:
Postar um comentário