quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A Arca de Noé da minha imperfeição

A Arca de Noé da minha Imperfeição
Acordou o Dilúvio em memórias febris
Sobre a constância em ilusão
Dos meus amparos já senis.
Flores, flores-de-lis
Na minha dispersão.


Senescem plúmbeos aguaceiros
Nas reencidências.
Tuas memórias são moleiros
Moendo o trigo das Ciências
Cavadas em rios outeiros
Meus vagos amores primeiros...


Secas as horas,
Todas vorazes...
Tu, noite, choras
E iníqua trazes
Tuas demoras…


Fernando Pessoa

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