Receber
uma transfusão com o tipo de sangue errado é extremamente raro, mas
pode acontecer. No entanto, qual será a sensação de ter o tipo de sangue
errado correndo em suas veias? Para entender como uma Reação
Transfusional funciona, temos de olhar para os componentes diferentes
que existem no sangue.
O
sangue é composto por plasma sanguíneo, glóbulos vermelhos (hemácias),
glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas. Segundo informações do io9,
os glóbulos vermelhos nos fornecem os tipos sanguíneos (A, B, AB e O) e
quando são combinados erroneamente podem desencadear uma resposta ruim
no organismo. No entanto, outras células também podem causar problemas,
mesmo quando combinados corretamente os receptores sanguíneos podem
causar febres, calafrios e dores, caso o sistema imunológico resolva
atacar as células brancas que vierem com o novo sangue.
As
plaquetas do doador também podem ser destruídas pelo corpo hospedeiro, o
que resultaria em manchas roxas escuras por toda a pele. Essas reações,
apesar de consideradas leves, não são um risco que os médicos querem.
Por isso, atualmente, a maioria do sangue doado é separado por seus
componentes antes de ser utilizado em um paciente. Neste caso, os
glóbulos brancos são inteiramente removidos em um processo chamado
leucodepleção.
O primeiro sinal que indica que uma transfusão deu errado é “uma sensação de morte iminente”.
Este sintoma médico é legítimo e constatado pelos médicos que trabalham
com transfusões. Um outro sinal de incompatibilidade são os habituais
avisos do sistema imunológico, que incluem sensação de gripe, febre,
dores e calafrios, bem como um ardor no local onde foi aplicada a
agulha.
Se
o paciente tiver sorte, a febre e os calafrios serão o máximo da
reação. O sistema imunológico irá quebrar os glóbulos vermelhos
invasores, mas antes de fazer isso, os macrófagos – células grandes que
intervêm na defesa do organismo – irão fagocitá-los (digeri-los). Essas
hemácias serão então filtradas para fora dos vasos sanguíneos, sendo
discriminadas no fígado e baço para depois serem excretadas com outros
resíduos.
Por
outro lado, em um cenário de falta de sorte, em que o sistema
imunológico não espera que os glóbulos vermelhos do sangue doador sejam
limpos pelos vasos, ele acaba realizando a hemólise – um processo de
divisão destas células – dentro da corrente sanguínea. Em outras
palavras, todo o conteúdo das hemácias é derramado dentro dos vasos. A
hemoglobina, por exemplo, uma proteína presente, é enviada para o plasma
sanguíneo e excretada pela urina – que ganha uma cor castanha. A
bilirrubina, um componente de cor amarela geralmente encontrado na bile,
é derramada no fígado e, neste caso, ajudará na quebra das hemácias –
em um processo que também escurecerá as fezes. Ainda, quando as células
vermelhas são dividas na corrente sanguínea, a concentração de
bilirrubina pode deixar uma pessoa amarelada.
A
coloração pode ser resolvida, mas ela representa uma situação perigosa.
Os glóbulos vermelhos restantes que ainda estão nos vasos podem
desencadear uma série de reações. Por exemplo, eles podem ativar uma
forma complementar do sistema imunológico, que consiste na sinalização
celular de proteínas que ativam outras semelhantes. O resultado dessa
sinalização extra é a ativação de um complexo ataque às membranas, que
“rasgará” e separará essas células. Enquanto isso as plaquetas podem
provocar uma coagulação incontrolável nas veias. E é justamente este
quadro, a Reação Transfusional Hemolítica Aguda, que pode matar.
Os
hospitais geralmente são extremamente cuidadosos com esse tipo de
procedimento, mas eles ainda acontecem. Em 2013, uma mulher 84 anos
morreu após receber sangue errado durante uma transfusão. O lugar foi
fechado, e o hospital ordenou que a tipagem sanguínea fosse realizada em
outros locais.
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