Você acha que faz suas escolhas com a
razão ou com a emoção? E onde está seu 'eu', no cérebro ou no coração -
metaforicamente, claro? Nossa, GALILEU, que pergunta bizarra. Mas
explicamos: em 2013,
cientistas fizeram essa pergunta para centenas de estudantes da
Universidade Estadual da Dakota do Norte. E os cientistas notaram que a
resposta revelava uma série de características psicológicas.
A maioria das pessoas que dizia que o seu 'eu' estava no coração (cerca
de metade dos entrevistados) era mulher e tinha mais chance de confiar
nas emoções para fazer decisões morais - como responder a um guarda de
prisão que dizia que iria matar um prisioneiro e seu filho se você mesmo
não matasse seu filho. Bizarro, sabemos. Nessa situação hipotética,
pessoas 'coração' tinham mais chances de dizer que não matariam o
próprio filho - uma escolha emocional e não racional, já que duas
pessoas estariam condenadas e não apenas uma. Já pessoas que dizem que o
'eu' está no cérebro tinham performances melhores em testes de
conhecimento geral e reagiam menos em situações estressantes.
Agora novas pesquisas estão adicionando um tempero extra a essas descobertas. Um estudo recente
mostra que o local onde pessoas colocam seu 'eu' pode interferir em
suas visões sobre a legalização do aborto ou os critérios que definem a
morte de uma pessoa. Cientistas da Universidade de Columbia usaram
vários parâmetros para estabelecer se uma pessoa é mais emotiva ou
racional (coração x cérebro) - assim a definição era menos sujeita a uma
única resposta sem muita reflexão do entrevistado.
Por exemplo, imagine que você é um doador de órgãos e que, após a sua
morte e os transplantes, você tivesse 100 milhões de dólares para
distribuir entre as pessoas que recebessem os órgãos. A maior parte das
pessoas daria a maior parte ou para o receptor do coração ou do cérebro
(no exercício o transplante cerebral era possível), com apenas uma pouca
quantia indo para os receptores dos olhos, estômago e outras partes.
Homens deram mais dinheiro para os receptores do cérebro, mas nem tantas
mulheres davam mais dinheiro para os receptores do coração.
Quem afirmava pensar com o coração era mais passível a apoiar leis mais
rígidas para o aborto, baseadas na primeira detecção da batida cardíaca
do feto, e afirmavam que a morte deveria ser devretada quando o coração
para de bater e não quando o cérebro para de funcionar. Também é
engraçado que essas pessoas tinham maiores chances de doar dinheiro para
entidades de pesquisas sobre doenças cardíacas enquanto pessoas
cerebrais doavam para entidades que pesquisavam doenças como o
Alzheimer.
Os cientistas acreditam que onde localizamos nosso 'eu' é relacionado
com a visão que temos sobre o nosso relacionamento com outras pessoas.
Gente que se considera mais independente localiza o eu no cérebro
enquanto os mais família apontam o coração.
Se o que os cientistas acham, que a localização do eu pode determinar
traços de personalidade, ficar provado, um novo campo de pesquisa pode
ser aberto. Pode-se determinar, por exemplo, as melhores opções de
carreira para alguém, novas estratégias de marketing serão criadas e
também a nossa forma de interpretar outras pessoas pode mudar.
Revista Galileu
Via Science of Us
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