Nós que amamos as mulheres, seu cheiro, sua beleza, seu tédio, sua
inteligência sinuosa, precisamos nos posicionar claramente nesse assunto
de violência contra elas. Devemos neutralizar quem faltar com respeito
com elas, quem abusar delas, quem assediá-las; enfim, todos esses
covardes que andam por aí. Sim, neutralizar pode significar usar da
força física contra esses odiadores das mulheres.
Covardes e incapazes de lidar com uma beleza que não lhes pertence,
com uma inteligência que os supera, com uma vontade que é só delas.
Não basta ensinar aos meninos nas escolas a respeitarem as meninas
(ainda que seja, sim, necessário). Esse ensino não deve passar pela
demonização dos anseios deles para com a beleza e doçura delas. Não se
deve ensinar que não existem diferenças entre os sexos. E nada nessas
diferenças implica em um ser melhor ou pior do que o outro.
Deve-se ensinar aos meninos, desde cedo, nas escolas e em casa, que
eles são responsáveis pela integridade física e moral das meninas. Que
devem cuidar delas. Quando alguém na escola estiver maltratando uma
colega, ele deve defende-la, mesmo que seja na porrada.
Isso nada tem a ver com uma ideia histérica que corre por aí dizendo
que mulheres "não precisam" de homens. Todos nós precisamos uns dos
outros. A força física maior dos homens deve ser trazida para o debate
sobre a violência contra a mulher como um elemento positivo na situação,
e não apenas como a "vilã" da história. Se, ao longo dos milhares de
anos de nossa espécie, não tivéssemos defendido aquelas que amamos, não
teríamos chegado até aqui. E que nenhuma figura provida da mais vil
má-fé venha dizer que isso seja "machismo".
Por isso, precisamos "ressensibilizar" os meninos desde cedo, para
sua responsabilidade para com a integridade física e moral das meninas. E
isso não tem sido muito levado em conta em todas as campanhas e
tentativas de combater a violência contra a mulher. Pelo contrário, é
quase como se, para estar ao lado das mulheres, o homem devesse ser
"menos homem" e defende-las com cartazes na mão dizendo "respect our
women", em vez de simplesmente usar da capacidade física masculina para
neutralizar o agressor.
Concordo plenamente com o que disseram algumas jornalistas europeias
na época do caso de Colônia, na Alemanha, na virada de 2015 para 2016,
quando alguns homens abusaram de algumas mulheres no Ano Novo. Nos dias
seguintes às agressões, elas reclamaram que, ao invés de fazer frente "à
violência covarde com a violência corajosa", os homens que ali estavam
optaram por uma "manifestação de repúdio" à violência contra as mulheres
no dia seguinte. Como se incapazes fossem de usar a força que lhes é
dada pela natureza em favor das mulheres, aqueles homens acabaram por
compactuar com o mau uso da maior força física dos homens contra suas
vítimas, as mulheres. Homens que se limitam a ir a passeatas contra a
violência contra a mulher é como gente que descreve a água enquanto a
outra se afoga.
Não há lei que resolva essa cultura de desrespeito à mulher (apesar
de que leis são necessárias); não há polícia suficiente que dê conta do
patrulhamento das ruas (apesar de que também isso seja necessário); não
há conscientização acerca dos direitos das mulheres que seja suficiente
(apesar de que campanhas nesse sentido também sejam necessárias); não há
mudança nos trajetos dos ônibus à noite para que deixem as mulheres
mais perto de casa que dê conta (ainda que isso seja louvável).
É necessário um movimento para que todos os homens que amam as
mulheres chamem para si essa responsabilidade. Que sejamos
sensibilizados a entender que nossas mulheres, amantes, namoradas,
filhas, mães, irmãs, amigas e colegas precisam de nós de modo concreto
na interdição ao abuso da força física masculina contra as mulheres. Que
sem assumirmos nosso destino de mais fortes, esse problema não acabará.
Há que se inverter o "sinal negativo" da força física masculina neste
embate. Sem a participação dos homens que amam as mulheres não daremos
conta desse mal.
Luiz Felipe Pondé
Luiz Felipe Pondé
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