sábado, 30 de julho de 2016

Um exercício diário de sensibilidade

Sobre a crônica.

“Coração e cabeça de leitores batem forte e vibram encantados, ao longo das (quase sempre breves) linhas da crônica: textos curtos, que contam histórias, comentam acontecimentos, viajam por lugares distantes, inventam situações, dão voz a personagens de quem raramente se ouve a voz.”
        [...]

        “[...] Como crônica não é nem tese universitária nem artigo de opinião, as discussões vêm de leve e deixam o leitor pensativo: o que é que cada um acha?”

        [...]
        “No mesmo ônibus, viaja a cronista. E, ao longo de seu trajeto, vai atribuindo sentidos ao que vê a seu redor. Isto é, vai interpretando comportamentos. Registrando cenas. Imaginando o que há no antes e no depois da viagem de ônibus na vida dos outros passageiros.”

        [...]
        “Do que, afinal, são feitas as crônicas? De episódios que aconteceram de verdade (‘Até que a tesoura nos separe’)? De experiências individuais? Ou será que o texto tece uma metáfora maior?

       “A imagem do ônibus em trânsito, seus passageiros e a cronista entre eles bem pode ser uma representação do gênero crônica, no interior do qual Marina — como os antigos cronistas portugueses — põe em crônica um pouco da vida de todos nós, passageiros de um ônibus, em cujo percurso a cronista vai assinalando paisagens. As dela e, nas dela, as nossas...”

Marisa Lajolo

(LAJOLO, Marisa. Um exercício diário de sensibilidade. In: COLASANTI, Marina. Melhores crônicas: Marina Colasanti; org. Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 1. ed., 2016, pp. 7, 12, 14-5, coleção “Melhores Crônicas”.)

Enviado pelo amigo e colaborador Adauto Neto

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