Sobre a crônica.
“Coração
e cabeça de leitores batem forte e vibram encantados, ao longo das
(quase sempre breves) linhas da crônica: textos curtos, que contam
histórias, comentam acontecimentos, viajam por lugares distantes,
inventam situações, dão voz a personagens de quem raramente se ouve a
voz.”
[...]
“[...] Como crônica não é nem tese universitária nem artigo de opinião,
as discussões vêm de leve e deixam o leitor pensativo: o que é que cada
um acha?”
[...]
“No mesmo ônibus, viaja a cronista. E, ao longo de seu trajeto, vai
atribuindo sentidos ao que vê a seu redor. Isto é, vai interpretando
comportamentos. Registrando cenas. Imaginando o que há no antes e no depois da viagem de ônibus na vida dos outros passageiros.”
[...]
“Do que, afinal, são feitas as crônicas? De episódios que aconteceram
de verdade (‘Até que a tesoura nos separe’)? De experiências
individuais? Ou será que o texto tece uma metáfora maior?
“A imagem do ônibus em trânsito, seus passageiros e a cronista entre eles bem pode ser uma representação do gênero crônica, no interior do qual Marina — como os antigos cronistas portugueses — põe em crônica
um pouco da vida de todos nós, passageiros de um ônibus, em cujo
percurso a cronista vai assinalando paisagens. As dela e, nas dela, as
nossas...”
Marisa Lajolo
Marisa Lajolo
(LAJOLO, Marisa. Um exercício diário de sensibilidade. In: COLASANTI, Marina. Melhores crônicas: Marina Colasanti; org. Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 1. ed., 2016, pp. 7, 12, 14-5, coleção “Melhores Crônicas”.)
Enviado pelo amigo e colaborador Adauto Neto
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