Dia desses, o Luís Augusto Farinatti deu
uma bela lida em algumas contos que escrevi. E fez uma limpeza geral.
Rejeitou, por exemplo, tudo aquilo que era cronístico. Eu concordei com
ele. Agora, lendo os 17 contos deste livro de João Ubaldo Ribeiro,
pensava na avaliação que o Farinatti faria da maioria deles. Este livro
tem duas pequenas joias e muitos contos que estão mais para a crônica.
Nada casualmente, Ubaldo colocou as duas joias assim: uma para a abrir o
livro e outra para fechá-lo.
Livrinho descompromissado, Já podeis da pátria filhos conta
histórias dos habitantes da ilha de Itaparica, mas de vez em quando os
personagens apenas passam como sombras adjacentes à boa prosa do bom
Ubaldo. São histórias de pescadores exagerados, festas de debutantes,
turistas assanhadas, meninos brincando de médico, políticos corruptos e
jogadores de futebol amador.
Ubaldo é bom escritor, subverte com
brilhantismo a língua culta, mas não adianta ser bom cantor sem boa
música. A história inicial, que conta as prerrogativas de um boi
garanhão e a final, sobre o menino que acompanha o pai no sacrifício de
uma porca e procura se manter firme, são excelentes, mas tão curtas que
podemos lê-las em pé, enquanto “examinamos” o livro numa livraria.
Do Blog do Milton Ribeiro
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