Este livro me foi indicado após a leitura de Mr. Gwyn, romance do mesmo autor e do qual tinha gostado muito. Mas gostei menos deste Seda,
apesar da história ampla, interessante, contada num estilo de
minicontos com trechos que se repetem como numa fábula. A história narra
a trajetória de Hervé Joncour, morador de Lavilledieu, uma cidade
francesa cuja economia floresce, na metade do século XIX, com a produção
de seda.
Joncour compra e vende ovos de
bichos-da-seda. Ele mora com a amada esposa Hélène em Lavilledieu numa
casa confortável. Só que uma praga dizima os bichos-da-seda do
Mediterrâneo e cria-se a necessidade de comprar o produto num local onde
a praga não chegou: o Japão. Baldabiou — o mais rico de todos os
fabricantes de seda — pede-lhe que vá ao país do sol nascente buscar os
ovos.
O paradoxo do livro está no homem de
vida rotineira transformado em aventureiro. Ele vai ao Japão quatro
vezes. Leva meses em cada uma das viagens. Vai de trem, cavalo e em
navios de contrabandistas. Nas viagens que faz ao Japão para comprar o
produto, abre-se um mundo novo para aquele crasso europeu. Lá, ele vê
uma bela mulher de rosto ocidental e passa a ter um segundo motivo para
viajar. Quer revê-la e sentir seu toque de seda. Mas volta pelos
negócios e, fundamentalmente, porque não consegue esquecer a linda voz
de sua mulher na França.
Foi com esse livro que Baricco ficou famoso, mas, sabe?, faltou poesia. Como em Mr. Gwyn,
mais uma vez Baricco procura “um modo exato de estar no mundo” para um
personagem seu. Esta é a poesia maior do livro. E talvez de todos nós.
Do blog do Milton Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário