HAI
Eis que nasce
completo
e, ao morrer,
morre germe,
o desejo,
analfabeto,
de saber como
reger-me,
ah, saber como me
ajeito
para que eu seja
quem fui,
eis o que nasce
perfeito
e, ao crescer,
diminui.
KAI
Mínimo templo
para um deus
pequeno,
aqui vos guarda,
em vez da dor que
peno,
meu extremo anjo
de vanguarda.
De que máscara
se gaba sua
lástima,
de que vaga
se vangloria sua
história,
saiba quem saiba.
A mim me basta
a sombra que se
deixa,
o corpo que se
afasta.
Paulo Leminski
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