Hoje quero pensar, com você, em duas
questões relacionadas ao tema da corrupção da política no Brasil. Uma primeira,
fruto de uma pergunta que ouço muitas vezes das pessoas, e uma outra, sobre a
aposta do PT que Lulinha resolverá o problema do governo salvando todo o
sistema político corrupto brasileiro, aniquilando a Lava Jato com a discreta
aceitação de grande parte dos setores da oposição e do alto clero jurídico do
país. Vamos por partes.
Vamos à primeira questão. Muitos se
perguntam a razão da maioria esmagadora dos intelectuais, artistas e estudantes
de humanas ser tão caninamente a favor do PT. Na semana passada, nesta coluna,
me referi à seita da jararaca (o PT) como uma "religião". Hoje, vamos
olhar de outra forma esse fenômeno que é espantoso para muita gente, mas que,
na realidade, pode até ser visto de forma "filosófica".
Caros, prestem atenção: verdade seja
dita, muita gente da academia é caninamente fiel ao PT, mesmo sendo evidente
que ele participa profundamente do esquema de corrupção da política brasileira.
É claro que, praticamente, todos os
partidos também o fazem, e isso é fundamental pra você entender a segunda
questão que tratarei abaixo. Muitos jovens aderem de forma impensada e
estimulada por professores que construíram e constroem suas vidas intelectuais
e institucionais em cima da seita marxista e associadas.
Essa adesão significa poder nos
departamentos, órgãos colegiados e instituições que financiam pesquisas.
Entendeu? Grana e poder localizado dentro do espaço institucional acadêmico. O
mesmo serve para os editais de cultura dos artistas que vivem do governo.
Muitos alunos são tragados, em seu
impulso de querer mudar o mundo (muitas vezes, em detrimento de arrumar o
próprio quarto), por essa máquina de corrupção interna ao mundo intelectual
institucional. De um ponto de vista da carreira, essa adesão pode, inclusive,
garantir concursos e parcerias interessantes.
Mas existe uma causa mais
"metafísica" ou mais sofisticada para gente "inteligente"
apoiar caninamente e violentamente o PT e associados, em sua saga pela
corrupção ideologicamente justificada.
Eis a causa: para a moçada
"inteligente", o horror à corrupção é coisa do humanismo burguês
("coxinha", numa linguagem mais atual).
Para esses "inteligentes",
se a corrupção, o crime, a mentira, a violência, forem em nome da
"causa", tá valendo. É isso que grande parte das pessoas não entende
quando se choca com o fato que a universidade, a "arte" e a "cultura",
em grande parte, apoia caninamente corruptos com metafísica, como a tropa de
choque do PT e associados.
Marx (1818-1883), Bakunin
(1814-1876) e Nechayev (1847-1882), para ficar apenas em três grandes estrelas
desse mundo, pensavam exatamente assim. Portanto, caros, para os "inteligentes",
a corrupção tem "metafísica": essa metafísica é a justificativa de
que ela é parte das ferramentas necessárias para a luta. Você, burguês,
coxinha, na sua ingenuidade, pensa que sendo eles "cultos", pensariam
de forma "simplista" como você?
Agora vamos à segunda questão de
hoje. Por que Lula foi indicado para o ministério? Não, não estou me referindo
à forte indicação de que isso foi um truque para tirá-lo das mãos do algoz
Moro. Refiro-me à sua missão "superior" de salvar o sistema corrupto
inteiro que a Lava Jato pode vir a engolfar em seu processo "pós-PT".
E aí, caros irmãos, a coisa pega.
O PT, caso confirme seu
superministro, aposta no medo do alto clero jurídico e da "oposição"
como apoio ao aniquilamento institucional e burocrático da Lava Jato.
É um papinho aqui, uma leizinha ali,
um parecerzinho acolá, e pronto: a Lava Jato vira pizza, como as Mãos Limpas
viraram na Itália graças a Berlusconi (e Moro sabe muito bem dessa história).
Nosso Berlusconi é o Lula. Não é o Moro que é o Berlusconi (como muitos
desavisados pensam), é o Lula. O Moro tá mais pra Batman do que pra Berlusconi.
Portanto, ponham suas barbas e
batons de molho. Lulinha paz e amor da manifestação da última sexta veio pra
salvar a corrupção de todos.
ponde.folha@uol.com.br
@l_fponde
Luiz Felipe Pondé
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