O site oficial de Cruyff acaba de informar:
Em 24 de março de 2016, Johan Cruyff (68) morreu pacificamente em Barcelona, cercado de sua família após uma dura batalha contra um câncer. É com grande tristeza que pedimos que você respeite a privacidade da família durante este tempo de pesar.
Considerando-se apenas dos anos 60 para
cá, Johan Cruyff (1947-2016) foi um dos três maiores craques que vi
jogar. Os outros foram Pelé e Maradona. Ele tinha um câncer de pulmão. A
doença tinha sido diagnosticada em outubro de 2015.
Seu futebol unia habilidade, velocidade,
passes miraculosos que só ele via e algo que até hoje parece ser
exclusivo: um invulgar conhecimento tático. Junto com Rinus Michels,
comandou a seleção holandesa na Copa de 1974, sendo um dos protagonistas
do time que ficou conhecido como a “Laranja Mecânica”, que tinha uma
estrutura tática inovadora que só funcionaria à perfeição com ele no
time.
Era uma seleção com fortíssimo senso
coletivo onde os jogadores não guardavam posições fixas. O que importava
era que todas as funções fossem cumpridas. Aquilo desnorteava os
adversários. Antes da seleção da Holanda, Cruyff já fazia o mesmo no
Ajax, clube pelo qual conquistou tudo dentro da Europa. Jogou pelo Ajax,
Barcelona e pala seleção holandesa. Foi ele quem tornou o Barcelona do
tamanho e maior que o Real Madrid, criando o estilo catalão de jogar. A
instituição soube manter seu espírito de revolucionário do futebol.
Depois, como técnico, foi tetracampeão espanhol entre os anos de 1990 e
1994, além de ter vencido a Champions.
Pela seleção holandesa, a qual defendeu
entre 1966 e 1977, Cruyff somou 48 partidas e 33 gols marcados.Ganhou a
Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974. Talvez seja ele o centro de uma das
maiores injustiças que o futebol insiste em cometer. Afinal, o jogador
que eternizou a camisa 14 nunca venceu uma Copa do Mundo. Mas ficou
perto, muito perto em sua única tentativa em 1974.
Azar da Copa do Mundo, como disse a ESPN.
Genial dentro de campo, Johan Cruyff tinha uma visão única sobre o futebol e uma maneira igualmente distinta de falar sobre ele.
Foi a visão de Cruyff no campo que fez
dele um dos maiores jogadores de todos os tempos, enxergando passes que
ninguém mais podia enxergar. Tinha também uma enorme consciência para
acelerar ou deixar mais lenta uma partida com a finalidade de
controlá-la. Por isso, quando Cruyff falava, as pessoas ouviam.
As 25 frases abaixo, citadas por Cruyff como jogador, treinador e comentarista, mostram a maneira que Cruyff via o futebol.
1. Técnica não é
poder fazer 100 embaixadas. Qualquer um pode fazer isso se praticar. Dá
até para trabalhar no circo. Técnica é passar a bola com um toque, na
velocidade correta, no pé certo do seu companheiro.
2. Alguém que faz
graça com a bola no ar durante um jogo, dando tempo para os quatro
defensores adversários voltarem, é o jogador que as pessoas pensam ser
ótimo. Não é.
3. Escolha o melhor jogador para cada posição e você não terá a melhor equipe, apenas 11 bons de cada uma.
4. No meu time, o goleiro é o primeiro atacante e o atacante, o primeiro defensor.
5. Por que não se pode vencer um clube rico? Nunca vi um saco de dinheiro marcar gol.
6. Eu sempre jogava a bola para frente porque se eu a recebesse de volta, era o único jogador desmarcado.
7. Sou um
ex-jogador, ex-dirigente, ex-treinador, ex-presidente honorário. Uma
lista bacana que, mais uma vez, mostra que tudo chega a um fim.
8. Jogadores que
não são verdadeiros líderes mas tentam ser, sempre brigam com os outros
depois de um erro. Líderes de verdade dentro de campo já sabem que erros
inevitáveis.
9. O que é
velocidade? A mídia esportiva sempre confunde velocidade com visão.
Veja, se eu começar a correr antes que os outros vou sempre parecer mais
rápido.
10. Tem apenas um momento para chegar numa jogada. Não adianta chegar atrasado nem adiantado.
11. Antes de cometer um erro, já pense em como reagir se ele realmente acontecer.
12. Em uma partida
de futebol, se não descontarmos os momentos em que o jogo para, cada
jogador terá a posse de bola por 3 minutos, em média. Então, o mais
importante é o que fazer nos 87 minutos em que você não tem a bola. Isso
é fundamental para um bom jogador.
13. Depois de
ganhar alguma coisa, você não estará mais 100%, mas 90%. É como uma
garrafa de água com gás quando fica sem tampa. Pouco tempo depois fica
com menos gás dentro.
14. Há apenas uma bola em jogo, então você precisa ficar com ela.
15. Não sou
religioso. Na Espanha todos os 22 jogadores faziam o sinal da cruz antes
de entrar em campo. Se isso funcionasse, todas as partidas terminariam
empatadas.
16. Precisamos fazer com que o pior jogador deles tenha a posse da bola. Então, receberemos logo ela de volta.
17. Se você tem a
posse da bola, precisa fazer com que o campo seja o maior possível, mas
se você não tem, precisa fazer com que fiquei o menor possível.
18. Todo jogador
profissional de golfe tem um treinador para suas tacadas, outro para
suas colocadas, para seus tiros. No futebol temos um treinador. Isso é
absurdo.
19. Sobreviver à
primeira fase nunca é o meu objetivo. O ideal seria estar com Brasil,
Argentina e Alemanha no mesmo grupo. Assim eu teria eliminado dois
rivais na primeira fase. É como eu penso.
20. Os jogadores
hoje só sabem chutar com o peito do pé. Modéstia à parte, eu podia
chutar com o peito, de chapa e a parte de fora de ambos os pés.
21. Qualidade sem resultado é inútil. Resultado sem qualidade é entediante.
22. Existem poucos
jogadores que sabem o que fazer quando não estão marcados. Então as
vezes você fala para o seu jogador: aquele atacante é muito bom, mas não
marque ele.
23. Acho ridículo
quando um talento é rejeitando baseado em estatísticas de computador.
Baseado nos critérios do Ajax de hoje eu teria sido rejeitado. Quando
tinha 15 anos não conseguia chutar uma bola mais de 15 metros com minha
perna esquerda e talvez 20 com a direita. Minhas visão de não podem ser
detectadas por um computador.
24. Jogar futebol é muito simples, mas jogar um futebol simples é a parte mais difícil do jogo.
25. Se eu quisesse que você entendesse tudo isso, eu teria explicado melhor.
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